quarta-feira, 15 de agosto de 2018

CRIANDO NARRATIVAS QUE FAÇAM SENTIDO


Alguns talvez pensem que perdi a razão, por tecer narrativas ficcionais para acomodar os sentimentos da partida do filho. Mas loucos, em sua maioria, criam narrativas desconexas. Eu busco conexão através das narrativas, teço algumas, crio outras.
Somos seres narrativos, buscamos sempre explicações que nos façam sentido e que deem sentido às nossas vidas, seja no campo da mitologia ou da ciência. Precisamos de algo que faça sentido, sempre. Mesmo que esse sentido só seja razoável para nós mesmos.
Quando as circunstâncias da vida podem abalar o sentido da própria vida, os pensamentos ficam a girar dentro da cabeça como num furacão. Particularmente, preciso de narrativas que aquietem o meu furacão interno e me deem sentido, me apontem um norte.
Quando digo que meu filho partiu para se aventurar em Nárnia, em Avalon, ou no País das Maravilhas, não estou sendo louca, nem delirando, nem perdendo a razão. Estou sim, buscando uma razão que permita deixa-lo partir com alegria. Seria diferente se eu falasse no paraíso? Para mim ainda seria uma construção narrativa em busca de algum sentido.
Pois bem, busco narrativas que façam sentido, que me apontem nortes razoáveis. Você até pode pensar: - Mas isso é ficção! Pois saiba que o cérebro humano em algumas situações tem uma dificuldade enorme para diferenciar ficção e realidade.
Quem já experimentou um episódio agudo de labirintite sabe do que estou falando. Num episódio de vertigem, o cérebro não sabe se as coisas estão a girar de verdade ou de vertigem. O cérebro informa ao corpo que tudo gira e o corpo responde com náuseas, alteração dos sinais vitais, suor, mal-estar. O corpo apenas responde às informações, ainda que ficcionais.
Então, pensar em narrativas que façam sentido, ainda que ficcionais, aquieta o pensar, acalenta a alma, acalma o corpo, permite o viver de um modo mais razoável e feliz.

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