quarta-feira, 25 de abril de 2012

23 DE ABRIL É DIA MUNDIAL DO LIVRO


O Dia Mundial do Livro é comemorado no dia 23 de abril, devido à uma lenda repetida universalmente - o dia em que morreram, no mesmo ano, William Shakespeare e Miguel de Cervantes. A data, estabelecida em caráter definitivo pela Unesco em 1996, homenageia estes dois gigantes máximos da literatura ocidental. O inglês William Shakespeare (1564 – 1616), foi autor de clássicos como Hamlet e Rei Lear. O espanhol Miguel de Cervantes (1547 – 1616), por sua vez, foi criador de um dos maiores personagens da literatura mundial: Dom Quixote de La Mancha. Cada um destes autores, dentro de sua área (teatro e narrativa) foram mestres na mostragem da alma humana, colocada em seu limite máximo.
Abril é um mês repleto de datas festivas para os livros e a literatura, entre elas: o Dia Internacional da Literatura Infanto Juvenil (2 de abril), o Dia Nacional do Livro Infantil (18 de abril) e  o Dia Mundial do Livro (23 de abril). Bom mesmo será o dia em que os livros possam ser celebrados em todos os espaços, todos os dias. Mas enquanto o desejo segue como utopia, é sempre bom termos dias festivos, para que as pessoas possam lembrar da importância e celebrar a delícia desta arte.

Os fantásticos livros voadores do Sr. Morris Lessmore

terça-feira, 17 de abril de 2012

DIZE-ME COM QUEM ANDAS

Ia um viajante por uma estrada, quando chegou a uma pequena cidade desconhecida. À entrada da cidade estava sentado um velho, meditando. O viajante o abordou, dizendo:
- Estou vindo de muito longe, procurando um novo lugar para morar. O senhor, que parece ter tanta experiência, diga-me: como são os habitantes desta cidade?
- Responda-me primeiro uma coisa, meu filho: como eram os habitantes da sua cidade?
- Bem, não eram pessoas agradáveis - queixou-se o forasteiro. - Eram invejosas , mesquinhas, estúpidas.
- Sinto muito - tornou o velho -, mas infelizmente aqui você só encontrará pessoas exatamente iguais às que descreveu: invejosas, mesquinhas e estúpidas.
O viajante, decepcionado, ajeitou a mochila às costas e foi embora.
Dali a pouco chegou outro viajante, que fez ao velho a mesma perguta. Este tornou a indagar:
- E como eram as pessoas da sua cidade?
- Ah, eram pessoas muito amáveis - explicou o homem -, em geral bondosas, generosas e educadas.
- Então, seja bem-vindo! - respondeu o velho filósofo, abrindo um sorriso - Pois saiba que as pessoas aqui são exatamente assim: bondosas, generosas e educadas.

Conto indiano retirado do livro "O Homem que Contava Histórias" de Rosane Pamplona e Sônia Magalhães.

Dize-me com quem andas foi uma das histórias que eu tive o prazer de narrar este ano na noite de Contos do Oriente, lá no Espaço Cena Multiarte, em Cachoeirinha, na companhia de amigos muito queridos, entre eles: Rosane Castro, Beatriz Myhrra, Fábia Barbosa e Silvio Wolff. 

O MENINO QUE GANHOU UM RIO

Minha mãe me deu um rio.
Era dia de meu aniversário e ela não sabia o que me presentear.
Fazia tempo que os mascates não passavam naquele lugar esquecido.
Se o mascate passasse minha mãe compraria rapadura ou bolachinhas para me dar.
Mas como não passara o mascate, minha mãe me deu um rio.
Era o mesmo rio que passava atrás de casa.
Eu estimei o presente mais do que fosse uma rapadura do mascate.
Meu irmão ficou magoado porque ele gostava do rio igual aos outros.
A mãe prometeu que no aniversário de meu irmão ela iria dar uma árvore para ele.
Uma que fosse coberta de pássaros.
Eu bem ouvi a promessa que a mãe fizera ao meu irmão e achei legal.
Os pássaros ficavam durante o dia nas margens do meu rio e de noite eles iriam dormir na árvore do meu irmão.
Meu irmão me provocava assim: a minha árvore deu lindas flores em setembro.
E o seu rio não dá flores!
Eu respondia que a árvore dele não dava piraputanga.
Era verdade, mas o que nos unia demais eram os banhos nus no rio entre os pássaros.
Nesse ponto nossa vida era um afago!

Texto extraido do livro Memórias inventadas de Manoel de Barros.

O menino que ganhou um rio foi uma das histórias que eu tive o prazer de narrar este ano, durante as comemorações do Dia Internacional do Contador de Histórias, lá na Casa de Cultura Mário Quintana.