sábado, 21 de julho de 2018

QUANDO O MISTÉRIO É IMPRESSIONANTE DEMAIS A GENTE CONTA HISTÓRIAS (DIAS DE TEMPESTADE)

Lá se vão seis semanas que o Arthur, meu filho mais novo, entrou no hospital para acalmar o tsunami que havia se transformado suas ondas cerebrais. Seis semanas de hospitalização, cinco delas de internação na UTI Pediátrica. Os amigos andam a perguntar como vai o Arthur. Eu poderia responder: Saturando 97%; FC: 134; PA: 96 x 65; FIO2: 45. Alguns amigos ficariam tranquilos com minhas respostas, outros bem perdidos. Mas, penso eu, que quase ninguém ficaria verdadeiramente satisfeito com uma resposta tão numérica. É que temos a felicidade de ter amigos de coração crianceiro. As pessoas grandes é que gostam de números. Por esta razão é que nós, que temos coração crianceiro, precisamos ter muita paciência com as pessoas grandes. A melhor resposta para essa pergunta talvez seja: Tutuks está ouvindo a mamãe narrar, mais uma vez, O Pequeno Príncipe. Foi o Tuks que pediu para ouvir novamente a "Um pé de vento" (livro lindo, do queridíssimo e multitalentoso, André Neves) e "O Pequeno Príncipe". Como eu sabia que eram essas as histórias necessárias e desejadas? “Quando o mistério é impressionante demais, a gente não ousa desobedecer", diz Antoine de Saint-Exupéry. Estamos bem, porque estamos juntos, partilhando histórias. 


*Essa que sou, mãe, professora, fisioterapeuta, contadora de histórias, escritora, dançante (não exatamente nessa ordem), estou com meu filho mais novo, Arthur, hospitalizado. Esse é o relato desses dias de tempestade, que escolho fazer da forma mais amorosa e serena que puder.
  

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