quinta-feira, 25 de julho de 2019

PRESENTE SURPRESA (CRÔNICA DA SEMANA)

Nesse mundo tecnológico parece, muitas vezes, que só conseguimos nos conectar verdadeiramente em espaços virtuais. Com tanta tecnologia à disposição, tantos aplicativos baixados em nossos celulares, iPhones, notebooks, nosso “estar junto com” foi migrado para as telas grandes e pequenas de nossos eletrônicos. 
Numa tentativa de frear minimamente essa avalanche, resisto a baixar todos os aplicativos, todas as novidades. Dias atrás, acredite, eu ainda não havia baixado em meu celular nenhum daqueles aplicativos de transporte que nos permite encontrar motoristas. E por não ter o aplicativo baixado, seria necessário pegar um táxi e por precisar de um táxi, uma pessoa que estava no mesmo evento que eu, se aproximou e me ofereceu carona com o seu motorista de aplicativo.                          
Como estávamos saindo de um mesmo evento, penso não ter representado nenhum grande risco para ela. Ainda assim, quantas pessoas hoje em dia oferecem carona para uma desconhecida?! Quantas vezes nos relacionamos espontaneamente no mundo real com quem não conhecemos? Virtualmente isso é relativamente fácil, mas cara a cara é cada dia mais raro.
Nos reencontramos no dia seguinte e aquela desconhecida me apresentou sua mãe e seus amigos. Por termos interesses em comum, por estarmos disponíveis para sentar, conversar e partilhar experiências e sorrisos, nos tornamos amigos. E na despedida, nos abraçamos muitas vezes. E antes mesmo de partirmos, cada um para suas cidades (eles em outro estado), sentimos saudades.
Quantos amigos virtuais tornam-se amigos em poucas horas de convívio? Quantos podemos abraçar demoradamente? Quantos deixarão saudades verdadeiras? É verdade que a tecnologia pode favorecer a manutenção dos laços, especialmente quando moramos longe dos amigos e familiares, mas ela não substitui o calor do abraço, o toque amoroso, a conversa ao pé do ouvido, o olho no olho.
Amizades podem nascer tanto no mundo real como em espaços virtuais. Tenho amigos e amigas que conheci nas redes e só depois pessoalmente. Há outros que o encontro físico ainda não foi possível, por morarmos muito longe. Há ainda aqueles que o encontro físico veio primeiro e as redes facilitaram e fortaleceram o vínculo. Mas duas questões ficaram pulsando deste encontro, a primeira é que só fazemos amigos quando estamos disponíveis e receptivos para dar e receber amizade. A outra é que nada substitui um abraço real e verdadeiro. E foi no calor do abraço que nos despedimos, pela primeira vez, num Dia do Amigo.

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