quinta-feira, 4 de julho de 2019

APRENDER JUNTOS, SEMPRE (CRÔNICA DA SEMANA)

Vida é brisa passageira
(Armandinho)
Foi com estranheza e contentamento que fui chamada de novata por um colega, quando cheguei, a pouco mais de um ano, em um grupo de atividade física. E assim fui recebida, a jovem novata, com quatro décadas e meia de vida. O colega, que me puxa as orelhas até hoje quando estou preguiçosa, é um jovem com muito mais fôlego e quase três décadas a mais de experiências vividas que eu.
É muito interessante essa convivência semanal, com um grupo tão diverso em histórias de vida, saberes, idades e mobilidade física. Nossos encontros, mais do que uma aula de ginástica, são uma celebração à vida. Assim como na escola, tem a turma do fundão, os conversadores, os piadistas, os mais introvertidos, os que deduram os colegas para a professora e os esforçados. É bonito demais ver que, com o passar do tempo, podemos perder colágeno, massa óssea, flexibilidade, mas podemos preservar a alegria de viver. Essa escolha é só nossa. O colágeno, a massa óssea e a flexibilidade, em certa medida, também. O modo como vamos enfrentar as adversidades da vida, no entanto, é uma escolha muito pessoal.
Todas as semanas, com este grupo de companheiros, eu aprendo que daqui a trinta ou quarenta anos eu posso estar menos flexível, com mais dor articular, um pouco mais lenta e com alguns sintomas um tanto mais cronificados. Mas também, que daqui a trinta ou quarenta anos eu posso seguir tendo amigos, sabendo levar a vida com leveza, estudando, aprendendo, me exercitando e até trabalhando.
Quando somos crianças queremos crescer rápido. Na infância, e penso que na adolescência também, não nos damos conta que na vida só se anda em frente. Não há marcha à ré nessa montanha russa que é a vida e nunca voltamos ao ponto de partida, sempre somos outros, ainda que possamos repetir uma experiência, ou pedir desculpas quando erramos, é pra frente que a vida anda.  Por isso, é fundamental aprender todos os dias, na partilha de saberes, sorrisos, fazeres e afetos.
Afinal, estamos aqui para aprender até o último suspiro. Nessa vida, tudo é aprendizagem, e só nós podemos fechar a janelinha das aprendências, só nós podemos dizer não, nos encaramujando, deixando de partilhar.  
A gente só não envelhece se morre antes. Ao vivermos, sentiremos as mudanças físicas, uma ou outra dorzinha e alguma limitação. Alguns desenvolvem doenças crônicas e precisam aprender a conviver com seus sintomas. Nem sempre temos oportunidade de escolha, mas podemos decidir o modo como levamos a vida. Ainda que, por vezes, apareçam pedras no meio do caminho, somos nós que escolhemos chutar ou contornar a pedra. Mas, quando alguém nos aponta as pedras, porque já passou por elas, a vida torna-se mais leve.

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