Verbo é a classe de palavras que, do ponto de vista
semântico, têm significado de ação, estado, mudança de estado ou fenômeno da
natureza, que varia em relação ao tempo. O que a sexta-feira tem de tão
especial, para se ter criado um verbo só para esse dia da semana? Desde quando
essa expressão foi inventada, a conotação que ela carrega é de que este é o dia
que podemos enfim, viver.
Nessa lógica, a vida funciona assim: de segunda-feira
pela manhã à sexta-feira à tardinha, carregamos o pesado fardo do trabalho e do
estudo. E, no final da sexta-feira, atravessamos o portal da liberdade, para
respirar e viver por dois dias, antes que novo ciclo de tortura se inicie.
Pra quem vale essa lógica? Certamente não para os
profissionais muitos que trabalham aos finais de semana. Também não para as
mulheres com tripla jornada de trabalho, que aproveitam os finais de semana
para deixar a casa em ordem, numa rotinha intensa de lava, limpa, organiza, cozinha.
Ou, para os estudantes que dedicam seus finais de semana para colocar seus
estudos em dia, ou ampliar seu aprendizado.
É irônico que essa expressão, inventada para marcar
o fim de um ciclo de trabalho, seja vazia de sentido para aqueles que quase nunca
param de trabalhar. Como também é triste que a percepção que muitos tem de
trabalho é de que este seja um fardo a ser carregado de segunda à sexta-feira.
É verdade que nem todos conseguem trabalhar naquilo
que lhes dá prazer. Como também é verdade que muitos trabalhos exigem um
esforço físico absurdo. E, geralmente são esses os trabalhadores que tem as
condições de trabalho mais precárias, os que são pior remunerados e para quem o sextou, de fato, possa ser mais vazio de sentido.
A semana tem sete dias. Penso ser um desperdício
deixar para sentir a vida em apenas dois. Afinal, viver, vivemos os sete. Mas,
muitas pessoas esperam para colocar sentido de viver em apenas dois dias, por
mais vazios de sentido que eles possam ser.
E se inventássemos o segundou, terçou, quartou e
não empurrássemos para depois o desejo de sentir a vida? E se as sextas-feiras
fossem apenas mais um dia para viver da melhor forma que podemos e conseguíssemos
encontrar (ou colocar) no trabalho e nos afazeres cotidianos uma possibilidade de
viver com mais prazer? Talvez assim, a vida fosse melhor vivida durante toda a semana.
Essa possibilidade é aceitável para você?
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