quinta-feira, 31 de maio de 2018

O QUE APRENDEMOS COM A GREVE DOS CAMINHONEIROS

Foram apenas dez dias que, segundo alguns, o pais parou. Na verdade não parou, apenas desacelerou. O que aprendemos nesses dez dias de paralisação dos caminhoneiros? Enquanto nação, penso, apenas reafirmamos o que já sabíamos, que sabemos competir melhor do que cooperar. Mas quando um povo compete contra seu próprio povo, o sentido de nação se perde. Portanto, aprendemos que não somos uma nação.
A greve iniciou como um movimento legítimo dos caminhoneiros, mas muitos segmentos viram neste movimento uma chance de colar nele suas bandeiras. Neste momento a greve virou paralisação, afinal, greve é coisa de baderneiro, vagabundo, como tantos brasileiros gostam de dizer.
A paralisação dos caminhoneiros fez com que o Brasil virasse um cenário pré apocalíptico, gente correndo para assegurar o abastecimento de gasolina, de gás, de comida. Mostramos para nossos governantes que eles conseguem nos desestabilizar mais do que eles mesmos pensavam. Mostramos nossa fragilidade, nossa incapacidade de nos unir para um bem comum.
Tão incapazes de resolver, em alguma medida, nossos próprios problemas de um modo mais solidário, que muitos foram aos quartéis pedir intervenção militar, como se os militares tivessem o poder de resolver essa situação em um curto espaço de tempo e operar milagres. E pior, colocaram essa como uma pauta dos caminhoneiros, quando sabemos que não era.
A mídia fez todos os jogos que quis, aproveitou para ‘resolver’ todos os problemas do país, afinal, agora tudo que não andar será culpa dos caminhoneiros. Ajudou a desmobilizar, incentivou a violência, desinformou.
O governo anunciou o que já sabíamos, que iremos nós pagar a conta desses dias de paralisação. Tirou dinheiro de áreas fundamentais as quais já recebem pouco investimento, aumentou o preço da gasolina, baixou o do óleo diesel - mas com certeza não veremos isso repercutir no preço das passagens, do gás, ou dos alimentos. Enquanto isso, a corte não perde uma das suas regalias.
Não aprendemos nada. Não aprendemos a cooperar, não aprendemos sobre a força que teríamos se nos uníssemos em favor de um bem comum, muitos não aprenderam nem mesmo que paralisação se escreve com ‘s’.
Não sei por onde vamos, mas com certeza tão cedo não encontraremos um rumo razoável para resolver problemas tão gigantescos, por absoluta incapacidade de olharmos para além do nosso próprio umbigo.
 


Nenhum comentário:

Postar um comentário