Chegamos em 2021. Nunca iniciei um ano com tão
pouca expectativa. Meu único plano para este ano é viver um dia de cada vez. Pretendo
também procrastinar menos, resolver um problema de cada vez e cada um a seu
tempo e viver o melhor possível cada dia. A grande lição que tirei de 2020 foi:
não planeje tanto, faça acontecer.
Iniciei o ano anterior com muitos planos, investi
dinheiro neles. E, consequentemente, perdi dinheiro com eles. Pois, assim como
você, no início do ano eu não tinha como imaginar o que viria pela frente. O Coronavírus
chegou sem aviso prévio e fez um estrago danado mundo a fora. De uma hora para
outra o meu, o seu, o mundo inteiro virou de cabeça pra baixo.
Mas, apesar da bagunça que o bichinho continua
causando, ele mostrou que eu podia fazer tudo que eu queria, só que de outros
modos. Me mostrou também que era possível fortalecer os laços de amizade,
cuidar da saúde e da saudade de quem queremos bem, colocar em prática os
cuidados de prevenção da COVID-19 com leveza e bom humor, cuidando de mim e de
cada um a minha volta.
Quando tudo isso começou, lá em março de 2020, eu já
pensava que a humanidade não sairia melhor dessa experiência, mas que ela
acentuaria os traços de cada um e de cada grupo. Quase um ano depois, é
exatamente isso que vejo. Quem era solidário, empático e consciente, segue
mantendo suas características e fortalecendo suas redes de apoio. Quem era
egoísta, negacionista e se alimentava de teorias conspiratórias e narrativas
tóxicas, também.
A diferença entre esses dois grupos, ao meu ver, é
que o primeiro teceu redes de afeto e solidariedade, através de ações
concretas, que potencializavam e qualificavam o fazer e o viver do outro. O
segundo, continuou apenas criando teorias, mirabolâncias e verborragias tóxicas.
Num mundo onde grande parte dos seres humanos olham e fazem apenas pelo seu
umbigo, é mais fácil, e muito mais cômodo, alimentar-se das narrativas que
cabem dentro da própria roupa. Qualquer movimento fora do roteiro, faz a roupa
ficar apertada e desconfortável.
Para 2021 não quero criar expectativas, não quero
ficar na posição daquela que anseia por algo e vê o anseio tornar-se ansiedade.
Para 2021 desejo conjugações verbais, afinal a vida se faz ao viver. Neste ano quero
muitos verbos para conjugar, o primeiro deles: “esperançar”, no melhor sentido
freiriano.
“É preciso ter esperança, mas ter esperança do verbo
esperançar; porque tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do
verbo esperar não é esperança, é espera”,
dizia Paulo Freire. “Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás,
esperançar é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante,
esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo...”. Que em 2021
possamos conjugar muitos verbos: viver, vacinar, aprender, ser, abraçar,
beijar... Que verbos você deseja conjugar em 2021?!
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