quinta-feira, 9 de abril de 2020

UMA PÁSCOA RECHEADA DE LENDAS

A Páscoa de 2020 será, certamente, uma Páscoa muito diferente. Os almoços em família serão menores, muitos encontros serão virtuais, outros tantos serão em estado de solitude, no encontro consigo mesmo. Penso que será uma Páscoa especialmente difícil para os avós, que são o maior grupo de risco do corona vírus e que devem, por prudência, ficar afastados de seus netos.
Escrevo esse texto pensando, de modo especial, nos avós, sejam eles avós de sangue ou de coração. Nesta Páscoa em que o distanciamento físico é preciso, que tal puxar uma conversa por telefone, ou fazer uma chamada de vídeo, para contar uma história de Páscoa para os netos consanguíneos ou de coração? Pode ser uma memória ou uma história de Páscoa que você tenha vivido. Só não vale aquele papo de que antigamente tudo era mais difícil. Tem que ser uma história gostosa de contar, uma que vai conectar seu neto a você, que vá fortalecer os laços e produzir memórias afetivas, de um tempo que está sendo complicado para todos, independente da idade.
Vale história inventada, vale colocar açúcar e confeitar a memória. O importante é encontrar e dar sentido para este tempo, é partilhar algum tempo, é dar valor para o que, de fato, é importante. Se faltar ideia ou repertório, eu vou dar uma mãozinha e contar como surgiram alguns dos símbolos mais decorativos e lúdicos da Páscoa.  
Alguma vez você já olhou para a lua cheia e viu nela a forma de um coelho?! Quando eu era criança eu enxergava um coelho gordinho empurrando um carrinho de mão cheinho de ovos de Páscoa. É bem verdade que o coelho é um mamífero e não coloca ovos. De onde saiu essa ideia de que o coelho traz ovos?! E qual a relação do coelho com a lua cheia?!
Embora hoje em dia a Páscoa seja celebrada como uma festa cristã, sua origem antecede o nascimento de Cristo e muitos de seus símbolos têm origem em festejos pagãos.  Para entender alguns destes símbolos, entre eles os ovos de chocolate, é preciso voltar um pouco mais no tempo.
Na Idade Média, os povos pagãos europeus celebravam a entrada da primavera homenageando Ostera, a deusa da primavera, considerada também deusa da fertilidade, na mitologia anglo-saxã, nórdica e germânica. Ostera é frequentemente representada como uma bela mulher colorindo ovos, enquanto lebres pulam alegremente sobre seus pés. Vem daí a origem dos ovos pintados, atualmente substituídos pelos ovos de chocolate. A figura a lebre também foi substituída mais tarde pelo coelho.  Diz-se que a lebre de Ostera pode ser vista na face da lua cheia, que, assim como as lebres, é também um símbolo de fertilidade.
Agora, que você já tem um monte de ideias para puxar um dedo de prosa, vamos deixar a tristeza de lado e viver a Páscoa de 2020 de outras formas. Se não dá para enlaçar com os braços quem você ama, enlace com histórias e memórias e faça florescer uma boa Páscoa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário