quinta-feira, 5 de outubro de 2017

UM CRÉDITO À EDUCAÇÃO


No texto da última semana, quando escrevi sobre palestras e palestrantes, fui motivada por duas situações, inicialmente um anúncio na internet que perguntava “Quer aprender como construir um negócio de palestras começando do zero?”, a segunda foi o vídeo da palestra de um jovem muito talentoso, que aborda com bom humor a temática da criatividade, intitulada “Escolas matam a aprendizagem”.
Confesso que essa facilidade de dizer que a escola mata a aprendizagem, mata a criatividade, mata a vontade de aprender, me assusta. Porque quem fala isso geralmente não vive o cotidiano da escola, em especial da escola pública. Não basta ser doutor em educação, se você não conhece o cotidiano do professor no chão da sala de aula é melhor nem falar sobre isso.
A educação no Brasil tem muitos problemas, eu sei. Como não tê-los quando os professores são mal remunerados, isso quando são remunerados, porque no Rio Grande do Sul o salário do professor tem sido tratado como esmola. Quando os governos precarizam tudo que diz respeito à educação e à cultura, quando um Ministro da Educação abre espaço na sua agenda para ouvir o que um ator pornô, que confessou ter cometido estupro em rede nacional de televisão, pensa sobre educação.
Está tudo muito torto no Reino das Bananas e não vai ser uma Chiquita Bacana só que vai conseguir vencer o rei. Se a educação do Brasil tem problemas - e tem, os problemas são muito mais profundos do que se mostra em breves entrevistas ou palestras “empolgacionais”, que abordam o tema de modo superficial ou fragmentado.
Até parece que apenas no Brasil as crianças sentam-se enfileiradas, que dizem gostar mais da hora do recreio do que do tempo em sala de aula, que mentem quando vão mal em alguma disciplina. Não precisa ser um especialista em educação, não precisa realizar grandes viagens de estudo, basta assistir a qualquer filme que mostre uma sala de aula para saber que essa não é uma realidade apenas brasileira.
Infelizmente o Brasil tem uma dificuldade enorme para olhar para as suas boas práticas pedagógicas, estamos sempre a buscar boas experiências fora daqui. Experiências muitas vezes isoladas, ou num contexto tão distinto do nosso que é impossível colocar mais do que poucos princípios em prática na nossa realidade.
Penso que é preciso puxar o freio de mão, olhar para o lado, aprender com o cotidiano da sala de aula, valorizar profissional, afetiva e economicamente os professores, isso inclui dar condição para uma boa qualificação pedagógica permanente. Educação se faz com pessoas e com recursos, é claro, mas fundamentalmente com pessoas que acreditam em pessoas.  

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