quinta-feira, 4 de junho de 2020

O QUE APRENDER EM TEMPOS DIFÍCEIS


Ei, psiu!! Você!! Sim, você aí que está lendo esse texto!! Como vai você nessa quarentena? Já começou a se cuidar ou segue tomando todos os cuidados necessários para cuidar de si e dos seus? São tempos estranhos esses. Muitos ainda não acreditam que esse vírus exista e que possa ser potencialmente fatal, mesmo ele já tendo, sozinho, levado mais de 30 mil vidas, em poucas semanas, em nosso país.
Há quem diga que não conhece ninguém que tenha morrido em função do coronavirus, que isso é só uma gripezinha, que se matar velhos tudo bem, que morrer faz parte da vida.  É verdade, morrer faz parte do ciclo da vida. Ou melhor, morrer encerra o ciclo da vida. Mas, não é por essa razão que eu irei achar normal e razoável tantas vidas perdidas sem sentido.
O número de mortos, apenas por COVID-19, nos últimos três meses no Brasil é quase quatro vezes maior do que a população inteira do município onde moram meus pais. Como eu posso pensar que isso é irrelevante? Como poderia não me sensibilizar? Que tipo de seres humanos estamos nos tornando ao minimizarmos as mortes de mais de trinta mil brasileiros?
No início desse processo todo, muitos diziam que sairíamos pessoas melhores desse período. Eu já suspeitava que não. Queria muito estar errada na minha suspeita. No entanto, o que vejo nas redes sociais e telejornais são manifestações do que de pior poderia ter aflorado nas pessoas. A pressão faz isso, faz explodir os piores sentimentos.
É preciso ser muito forte para aceitar, com alguma serenidade, a realidade de uma pandemia e viver todas as suas consequências. É preciso ter muita empatia e amorosidade para pensar fora da caixa e olhar para além do próprio umbigo e das perdas pessoais. É preciso ser gente pra não desejar a destruição do outro, pra não torcer contra a vida, pra não distorcer a ciência, nem desqualificar os profissionais que estão dedicando seu dia a dia a minimizar as perdas e potencializar a vida.
Que possamos aprender, nesse momento e a partir dele, a sermos mais fortes, serenos, empáticos, amorosos, humanos, solidários. São tantos que precisam da nossa ajuda, de tantos modos diferentes. Não dá pra ajudar todo mundo, mas dá pra usar máscara e lavar as mãos, dá pra se esforçar para entender as dificuldades e limitações do outro, dá pra dialogar mais e acusar menos, dá pra valorizar os profissionais da saúde, da educação, da higiene e da alimentação, que estão se desdobrando para minimizar os impactos deste momento, dá para apoiar os profissionais da cultura e os artistas, que nunca trabalharam tanto sem cachê algum. Dá para valorizar as pessoas e tentar compreender a situação de cada um. Dá para valorizar a vida no lugar de desdenhar a morte.  


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