segunda-feira, 19 de maio de 2014

RESPOSTA AO PROGRAMA BEM ESTAR - TAPOTAGEM (PARTE 1)


Após a grande repercussão da matéria do Programa Bem Estar da Rede Globo, apresentada no dia 13/05/2014, na qual abordam a Fisioterapia Respiratória, dando ênfase à tapotagem como uma excelente técnica de higiene brônquica, que pode ser realizada em casa, por qualquer pessoa, sem maiores problemas, enviei um e-mail para o programa. No dia 15 de maio a equipe do programa respondeu ao meu e-mail. Como são respostas que atendem a duas questões que merecem discussão, compartilho a primeira parte da resposta com meus comentários a esta.
“Agradecemos seus comentários, pois eles tornam o nosso debate mais rico e nos ajuda a fazer um programa melhor. Gostaríamos de enfatizar que o programa do dia 13/05 exibiu uma reportagem gravada no Instituto da Criança, em São Paulo. As especialistas que falaram eram fisioterapeutas respiratórias, com grande domínio técnico. Elas esclareceram e demonstraram algumas das possibilidades terapêuticas para esta especialidade.
A intenção da reportagem foi apresentar para o público esta área que tanto vem investindo e contribuindo para a saúde das pessoas. O propósito era mostrar qual é o efeito da fisioterapia respiratória nos pulmões. Para isto, usamos como demonstração a tapotagem, principalmente enfatizando que tossir é bom, já que ajuda no processo de expectoração”.
Como fisioterapeuta e professora da disciplina de Fisioterapia Pediátrica, me senti incomodada com o modo como a Fisioterapia Respiratória foi mostrada, reforçando a imagem de “faxineiros de pulmão”. Como agravante, a reportagem difunde uma técnica que, hoje se sabe, é contra indicada em alguns casos, uma vez que a tapotagem pode desencadear broncoespasmo em determinadas situações, entre outros agravos significativos.  
A técnica é, no bloco seguinte, mostrada em detalhes pela médica do programa (sendo este aspecto discutido na parte dois deste comentário), que ensina aos telespectadores como realizar a tapotagem em casa. Não quero com isso dizer que não podemos, nós fisioterapeutas, orientar aos cuidadores na utilização de determinados manuseios em casa. Fazemos isso, sobretudo nos casos de doenças respiratórias crônicas, mas fazemos individualmente, avaliando o caso e suas especificidades, orientamos e supervisionamos, para evitar que o manuseio seja mal conduzido, podendo assim colaborar para com a terapêutica e consequentemente com a melhora do paciente.
O que me entristece é ver que ainda existem muitos fisioterapeutas “faxineiros de pulmão” e que a fisioterapia é divulgada na mídia dessa forma, tão superficial, tão sem crítica, tão torta. Ensino a meus alunos que toda fisioterapia respiratória é também motora, que não podemos dissociar estes dois aspectos, uma vez que atuamos sobre os músculos respiratórios a fim de obter uma melhor função respiratória. A higiene brônquica é consequência deste trabalho, que não precisa ser realizado com técnicas bruscas, sobretudo em tórax tão pequenos.

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