Após a
grande repercussão da matéria do Programa Bem Estar da Rede Globo, apresentada
no dia 13/05/2014, na qual abordam a Fisioterapia Respiratória, dando ênfase à
tapotagem como uma excelente técnica de higiene brônquica, que pode ser
realizada em casa, por qualquer pessoa, sem maiores problemas, enviei um e-mail
para o programa. No dia 15 de maio a equipe do programa respondeu ao meu
e-mail. Como são respostas que atendem a duas questões que merecem discussão,
compartilho a primeira parte da resposta com meus comentários a esta.
“Agradecemos seus comentários, pois eles tornam o
nosso debate mais rico e nos ajuda a fazer um programa melhor. Gostaríamos de
enfatizar que o programa do dia 13/05 exibiu uma reportagem gravada no
Instituto da Criança, em São Paulo. As especialistas que falaram eram
fisioterapeutas respiratórias, com grande domínio técnico. Elas esclareceram e
demonstraram algumas das possibilidades terapêuticas para esta especialidade.
A intenção da reportagem foi apresentar para o
público esta área que tanto vem investindo e contribuindo para a saúde das
pessoas. O propósito era mostrar qual é o efeito da fisioterapia respiratória
nos pulmões. Para isto, usamos como demonstração a tapotagem, principalmente
enfatizando que tossir é bom, já que ajuda no processo de expectoração”.
Como fisioterapeuta
e professora da disciplina de Fisioterapia Pediátrica, me senti incomodada com
o modo como a Fisioterapia Respiratória foi mostrada, reforçando a imagem de “faxineiros
de pulmão”. Como agravante, a reportagem difunde uma técnica que, hoje se sabe,
é contra indicada em alguns casos, uma vez que a tapotagem pode desencadear broncoespasmo em determinadas situações,
entre outros agravos significativos.
A técnica
é, no bloco seguinte, mostrada em detalhes pela médica do programa (sendo este
aspecto discutido na parte dois deste comentário), que ensina aos
telespectadores como realizar a tapotagem em casa. Não quero com isso dizer que
não podemos, nós fisioterapeutas, orientar aos cuidadores na utilização de
determinados manuseios em casa. Fazemos isso, sobretudo nos casos de doenças
respiratórias crônicas, mas fazemos individualmente, avaliando o caso e suas
especificidades, orientamos e supervisionamos, para evitar que o manuseio seja
mal conduzido, podendo assim colaborar para com a terapêutica e consequentemente
com a melhora do paciente.
O que me
entristece é ver que ainda existem muitos fisioterapeutas “faxineiros de pulmão”
e que a fisioterapia é divulgada na mídia dessa forma, tão superficial, tão sem
crítica, tão torta. Ensino a meus alunos que toda fisioterapia respiratória é também
motora, que não podemos dissociar estes dois aspectos, uma vez que atuamos
sobre os músculos respiratórios a fim de obter uma melhor função respiratória. A higiene brônquica é consequência deste
trabalho, que não precisa ser realizado com técnicas bruscas, sobretudo em
tórax tão pequenos.
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