Trinta anos atrás eu era uma pirralhinha
cheia de sonhos, que morava numa quase ilha (já que a ponte sobre o rio Jacuí
só foi uma realidade muitos anos depois). Aquela menina aproveitou tudo o que
tinha direito quando era pequena, mas também foi influenciada pelos amigos mais
velhos e por causa deles foi se apaixonando pelo que era produzido
culturalmente aqui no Rio Grande do Sul. Como eu tinha apenas 12 anos (quase
12), morava “longe” de Porto Alegre (é impressionante como uma ponte pode mudar
os conceitos de longe e perto) e meus pais não tinham uma condição financeira
que favorecesse a realização de certos sonhos naquele momento, quase toda cena cultural
do estado eu vi crescer e aparecer pela tela da TV, através de diferentes programas,
mas em especial por um programa chamado “Pra começo de conversa”, produzido pela
TVE. Naquele período surgiu na cena cultural de Porto Alegre uma peça de teatro
que não revolucionou apenas a cena, revolucionou a vida de uma geração (e
depois de outra e de outra e de outra). A peça se chamava “Bailei na Curva”. Eu
não pude ver, era pequena, morava no interior, não era viável naquele momento.
Mas quando algo é muito desejado, pode virar realidade. Anos depois a trupe que
montou o espetáculo pela primeira vez, se reuniu para celebrar os 10 anos da
peça. Eu esperei 10 anos da minha vida, dos 12 aos 22, para concretizar o sonho
de ver o “Bailei”. Poderia ter desistido, mas sonhos são para ser sonhados, não
é mesmo?!! Assim, no aniversário de 10 anos eu pude vê-los em cena. A emoção
daquele momento é indizível, não é possível descrevê-la em palavras porque, de
fato, era a realização de um sonho ímpar. Depois vi outras montagens e em todas
me emocionei profundamente cena a cena e me destroço quando ouço “Horizontes”.
O Bailei, e muito do que essa trupe produziu, foi determinante na formação da
pessoa que sou. As realizações daquelas pessoas foram (e continuam a ser) fundamentais
(acho que essa é a palavra certa) para a minha vida. Tenho uma dívida de
gratidão, por terem me feito acreditar nos sonhos. Nunca vou poder pagar essa
dívida, mas vou amá-los para sempre!!! Lá se vão trinta anos e hoje estreia uma
nova montagem para celebrar o aniversário da peça. Maior emoção, mesmo que de
longe, como da primeira vez. Vou sempre estar na torcida por esses “musos” que
me inspiram sempre e continuam a me fazer acreditar nos sonhos. obrigada por ampliarem meus
sentidos, por me inspirarem, por me fazerem sempre retomar os sonhos!! Uma
gratidão sem fim pelo que são!!
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