Dia
desses encontrei uma das traduções mais bonitas do que seria um contador de
histórias. Segundo Clarissa Pinkola Estés (1998), “a vida de um guardião de
histórias é uma combinação de pesquisador, curandeiro, especialista em
linguagem simbólica, narrador de histórias, inspirador, interlocutor de Deus e
viajante do tempo”. Não é lindo isso?!!
Porque
contar histórias? Porque ler é fundamental, mas ler com prazer é maravilhoso.
Um contador de histórias busca o encantamento das palavras, busca encantar o
outro pela palavra e sonha que ele se encante por elas. Somos um país de poucos leitores e carente de
leitura. Falo de leitura mesmo, aquela que lendo nos divertimos, aprendemos,
crescemos. Aquela leitura que nos faz compartilhar afetos, estar junto com o
outro para trocar ideias, histórias e até livros.
Embora
possa parecer, essa não é uma tarefa tão fácil. Obrigar o filho a ler o livro
da escola não é estimular a leitura. Obrigar as crianças a buscar um livro na
biblioteca, sem orientá-las nas leituras apropriadas para sua potencialidade
leitora, não é estimular a leitura. Estimular a leitura é brincar com as
palavras, é ler junto, é inventar histórias, é ler na praça, é fazer deste um
momento divertido, coletivo.
O
Caio Riter (2009) diz que “passo importante para a formação de um
leitor é ouvir histórias. Se possível, desde muito, muito cedo. Histórias
contadas vão entrando na gente feito carinho, feito seiva em árvore que precisa
crescer, desenvolver-se, a fim de dar flores, frutos, sombra. Leitores são
árvores frutíferas. Familiares [e educadores] contadores de histórias são seiva
que alimentam, que despertam o broto naquelas sementes carentes de tudo, que
somos nós quando crianças”.
No dia 20 de março, nos
cinco continentes, é celebrado o “Dia Mundial da Narração Oral” e também o dia
daqueles que se dedicam a esta arte milenar. Por esta razão, neste dia comemoramos também o
“Dia Internacional do Contador de Histórias”. Não há um motivo exato que
justifique a escolha da data, o que se sabe é que os primeiros registros vêm da
Suécia, onde em 20 de março de 1991 foi celebrado o “Dia de todos os Contadores
de Histórias”. O movimento foi tomando força com o passar dos anos e a
lembrança da data foi se espalhando pelo mundo.
Outra justificativa seria o
fato da data coincidir com o início da primavera no hemisfério norte e do
outono no hemisfério sul, pois este era um período considerado místico pelos
povos antigos. O fato é que estima-se que hoje mais de 46 países comemoram esta
data.
Segundo
Celso Sisto (2010), “contar histórias aproxima, cria afeto, instaura o diálogo
entre contador e ouvinte”. Isso já é motivo suficiente para amar essa arte que
nos permite exercer o melhor do nosso ofício de sermos humanos. Fica o convite
para que neste dia 20 de março, pais, avós, professores, bibliotecários,
familiares, amigos, contem uma história, mesmo que bem curta, brinquem com
trava línguas ou cantem uma cantiga de roda. Cada um celebrando na medida em
que sua voz e seu sentimento alcançam.
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