Segunda-feira,
como já se anuncia, é o segundo dia da semana. O primeiro é domingo, dia de
descanso em algumas religiões e no calendário de muitos seres humanos. “Onde
queres descanso, sou desejo”, escreveu ela no sábado à noite, anunciando o
domingo. Fernanda Young era uma mulher cheia de “quereres”, desejos, opiniões e
múltiplos talentos. Fernanda, que era jovem até no nome, trazia consigo a rebeldia
da juventude e a maturidade da adultice.
As
gentes, que admirávamos o trabalho, a força rebelde e a lucidez sensata de
Fernanda, ficamos sem chão e sem entender como pode uma mulher jovem, cheia de
vitalidade, que cuidava da saúde física e mental, morrer aos 49 anos de idade, em
função de uma crise de asma. É verdade que há muitas pessoas jovens que morrem
precocemente por razões estúpidas, mas quando se trata de alguém por quem
nutrimos alguma empatia, sentimos mais forte a perda.
Fernanda,
que como poucos fez a gente rir do ridículo que nos habita, dando vida a’Os
Normais, Rui e Vani, ao nonsense Jorge Horácio, de Minha nada mole
vida, à Jessica, Ana Maria e Marion, que
surtavam durante as aulas de Yoga, entre tantos outros
personagens hilários, loucos, críticos, ácidos, normais, que despertavam em nós
curiosidade e empatia. Fernanda Young partiu cedo e sem aviso prévio. Ela, que
havia escrito em seu Instagran, apenas 48 horas antes de sua partida: “sou
uma mulher de 50 anos que sonhou alto e realizou muito. E estou longe de
encerrar minha jornada nessa orbe”.
A
verdade é que não sabemos o dia que vamos partir, a gente não planeja ele, muitos
evitam até pensar, como se não pensando, a morte não fosse acontecer. Por outro
lado, planejamos a vida. Muitos passam tanto tempo planejando e correndo para
cumprir tarefas, que esquecem até de viver o cotidiano. Não se trata de viver cada
dia como se fosse o último, mas viver cada dia como se fosse único.
Dia
desses uma pessoa me falou que agosto já tinha terminado e que a Oktoberfest
(tradicional festa da cidade onde moro) já estava aí. Eu lhe perguntei o porquê
dessa afobação em acelerar ainda mais o tempo que já corre apressado? – Mas é
verdade, moça!!, me respondeu ele. Eu então lhe disse que não, que ainda
faltavam alguns dias para terminar agosto e havia um setembro inteiro para
trazer a primavera e a festa das flores, antes de chegar a Oktoberfest.
Fernanda
partiu precocemente, mas viveu intensamente. Nós, muitas vezes, diminuímos a
intensidade para viver apressadamente, como se a vida fosse desimportante, como
se pudéssemos em algum momento recuperar o tempo não vivido. Não podemos. Os
filhos crescem, as pessoas mudam e se mudam, partem para outras aventuras e só
então percebemos o que perdemos. A partida precoce de Fernanda Young deixou
piscando em mim um luminoso onde está escrito: Não perca tempo. Viva!
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