Nesse mundo
tecnológico parece, muitas vezes, que só conseguimos nos conectar
verdadeiramente em espaços virtuais. Com tanta tecnologia à disposição, tantos
aplicativos baixados em nossos celulares, iPhones, notebooks, nosso “estar
junto com” foi migrado para as telas grandes e pequenas de nossos
eletrônicos.
Numa tentativa de
frear minimamente essa avalanche, resisto a baixar todos os aplicativos, todas
as novidades. Dias atrás, acredite, eu ainda não havia baixado em meu celular nenhum
daqueles aplicativos de transporte que nos permite encontrar motoristas. E por
não ter o aplicativo baixado, seria necessário pegar um táxi e por precisar de
um táxi, uma pessoa que estava no mesmo evento que eu, se aproximou e me
ofereceu carona com o seu motorista de aplicativo.
Como estávamos
saindo de um mesmo evento, penso não ter representado nenhum grande risco para
ela. Ainda assim, quantas pessoas hoje em dia oferecem carona para uma
desconhecida?! Quantas vezes nos relacionamos espontaneamente no mundo real com
quem não conhecemos? Virtualmente isso é relativamente fácil, mas cara a cara é
cada dia mais raro.
Nos reencontramos
no dia seguinte e aquela desconhecida me apresentou sua mãe e seus amigos. Por
termos interesses em comum, por estarmos disponíveis para sentar, conversar e
partilhar experiências e sorrisos, nos tornamos amigos. E na despedida, nos
abraçamos muitas vezes. E antes mesmo de partirmos, cada um para suas cidades
(eles em outro estado), sentimos saudades.
Quantos amigos
virtuais tornam-se amigos em poucas horas de convívio? Quantos podemos abraçar
demoradamente? Quantos deixarão saudades verdadeiras? É verdade que a
tecnologia pode favorecer a manutenção dos laços, especialmente quando moramos
longe dos amigos e familiares, mas ela não substitui o calor do abraço, o toque
amoroso, a conversa ao pé do ouvido, o olho no olho.
Amizades podem
nascer tanto no mundo real como em espaços virtuais. Tenho amigos e amigas que
conheci nas redes e só depois pessoalmente. Há outros que o encontro físico
ainda não foi possível, por morarmos muito longe. Há ainda aqueles que o
encontro físico veio primeiro e as redes facilitaram e fortaleceram o vínculo. Mas
duas questões ficaram pulsando deste encontro, a primeira é que só fazemos
amigos quando estamos disponíveis e receptivos para dar e receber amizade. A
outra é que nada substitui um abraço real e verdadeiro. E foi no calor do
abraço que nos despedimos, pela primeira vez, num Dia do Amigo.
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