Vida
é brisa passageira
(Armandinho)
Foi com estranheza
e contentamento que fui chamada de novata por um colega, quando cheguei, a
pouco mais de um ano, em um grupo de atividade física. E assim fui recebida, a
jovem novata, com quatro décadas e meia de vida. O colega, que me puxa as
orelhas até hoje quando estou preguiçosa, é um jovem com muito mais fôlego e
quase três décadas a mais de experiências vividas que eu.
É muito
interessante essa convivência semanal, com um grupo tão diverso em histórias de
vida, saberes, idades e mobilidade física. Nossos encontros, mais do que uma
aula de ginástica, são uma celebração à vida. Assim como na escola, tem a turma
do fundão, os conversadores, os piadistas, os mais introvertidos, os que
deduram os colegas para a professora e os esforçados. É bonito demais ver que,
com o passar do tempo, podemos perder colágeno, massa óssea, flexibilidade, mas
podemos preservar a alegria de viver. Essa escolha é só nossa. O colágeno, a
massa óssea e a flexibilidade, em certa medida, também. O modo como vamos
enfrentar as adversidades da vida, no entanto, é uma escolha muito pessoal.
Todas as semanas,
com este grupo de companheiros, eu aprendo que daqui a trinta ou quarenta anos
eu posso estar menos flexível, com mais dor articular, um pouco mais lenta e com
alguns sintomas um tanto mais cronificados. Mas também, que daqui a trinta ou
quarenta anos eu posso seguir tendo amigos, sabendo levar a vida com leveza,
estudando, aprendendo, me exercitando e até trabalhando.
Quando somos
crianças queremos crescer rápido. Na infância, e penso que na adolescência
também, não nos damos conta que na vida só se anda em frente. Não há marcha à
ré nessa montanha russa que é a vida e nunca voltamos ao ponto de partida,
sempre somos outros, ainda que possamos repetir uma experiência, ou pedir
desculpas quando erramos, é pra frente que a vida anda. Por isso, é fundamental aprender todos os
dias, na partilha de saberes, sorrisos, fazeres e afetos.
Afinal, estamos
aqui para aprender até o último suspiro. Nessa vida, tudo é aprendizagem, e só
nós podemos fechar a janelinha das aprendências, só nós podemos dizer não, nos
encaramujando, deixando de partilhar.
A gente só não
envelhece se morre antes. Ao vivermos, sentiremos as mudanças físicas, uma ou
outra dorzinha e alguma limitação. Alguns desenvolvem doenças crônicas e
precisam aprender a conviver com seus sintomas. Nem sempre temos oportunidade
de escolha, mas podemos decidir o modo como levamos a vida. Ainda que, por
vezes, apareçam pedras no meio do caminho, somos nós que escolhemos chutar ou
contornar a pedra. Mas, quando alguém nos aponta as pedras, porque já passou
por elas, a vida torna-se mais leve.
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