Trecho do texto "Nascimento do
Sentido", primeiro capítulo do livro "A Espécie Fabuladora: um breve
estudo sobre a humanidade", de Nancy Huston (Ed. L&PM, 2010).
“ ‘No princípio era o Verbo’ quer dizer o
seguinte: o verbo (a ação dotada de sentido) é que marca o começo da nossa
espécie.
A narrativa confere à nossa vida uma dimensão
de sentido que os outros animais ignoram. [...] O sentido humano se distingue
do sentido animal pelo fato de que ele se constrói a partir de narrativas, de
histórias, de ficções. [...]
Para nós, não basta registrar, construir,
deduzir o sentido dos acontecimentos que se produzem em torno de nós. Não:
precisamos que esse sentido se desdobre – e o que faz com que ele se desdobre
não é a linguagem, mas a narrativa. É por isso que todos os humanos elaboram
formas de marcar o tempo (rituais, datas, calendários, festas sazonais, etc) –
marcação que é indispensável para a eclosão das narrativas.
Os macacos podem aprender milhares de
palavras e chegam a manipular signos linguísticos, mas eles não contam
histórias”.
HUSTON, Nancy. A Espécie Fabuladora: um breve estudo sobre a humanidade. Porto
Alegre, RS: L&PM, 2010.
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