Quando o município de Vera Cruz me convidou para fazer a abertura do ano
letivo, com todos os professores da Rede Pública, eu fiquei muito feliz. Eu
tenho um carinho todo especial pelo município e especialmente pelos professores
de lá, que sempre tão bem me acolheram durante as pesquisas que desenvolvi em
suas escolas. Já fiz palestras em Vera Cruz (e até já atuei como Fisioterapeuta
naquele município. Meu primeiro campo de atuação na clínica fisioterapêutica foi
em Vera Cruz), mas dessa vez eu tinha um desafio diferente, pois não havia um
tema pré definido, eu tinha liberdade para decidir que rumo dar à minha fala. Que
difícil foi essa tarefa!! Nesse momento tão frágil que passamos em nosso país,
o que seria interessante para trabalhar com os professores?! Demorei muito
tempo para decidir, mas pensei que educação não se faz sem seus profissionais e
que esses profissionais dedicam-se, muitas vezes, mais horas de seu dia à sua
atividade profissional (dentro e fora da escola) do que à sua casa e seus
familiares. É frequente que esses profissionais esqueçam de si, de sua saúde,
de seu corpo, esse corpo que permite que ele expresse quem é.
Meu ponto de partida foi o corpo do educador, assim nasceu a primeira ideia
que deu origem à fala “O educador e sua casa ser”. Mas meu pensamento flui
muito melhor quando tenho uma metáfora boa sobre a qual me debruçar. Pensei
nesse corpo que carregamos todos os dias junto para tudo que fazemos. Esse
corpo que nos dá alegria e também manifesta dores. Foi assim que surgiu a
imagem do caracol e no Google encontrei a bela ilustração “O Homem Caramujo”,
pintada por Eduardo Barroso. Entre os devaneios necessários, lembrei do livro
Cara Caracol, de autoria da minha amiga muito querida Helô Bacichette. Foi
assim que reli o livro e encontrei a metáfora perfeita para o que eu queria.
Cara Caracol é um personagem cheio de poesia e que, com certeza, encanta as
crianças a se encaracolar muitas vezes. Mas Cara Caracol tem uma profundidade impar
para o adulto atento, o adulto que ousa, assim como Cara Caracol, olhar para
além de onde o olho alcança. Foi um
prazer conduzir a minha fala através de várias narrativas, contos de Eduardo
Galeano, de Clarissa Pinkola Estés, Sean Taylor e a poesia da minha amiga Helô.
Quando terminei minha fala, confesso que fiquei apreensiva. Será que havia sido suficientemente interessante para os professores? Será que teria sido útil para eles? Percebi que estava buscando um sentido utilitário na minha fala e isso estava me incomodando. Foi quando lembrei do Rubem Alves e das suas caixas, a de ferramentas e a de brinquedos. Para Rubem Alves "a vida não se justifica pela utilidade. Ela se justifica pelo prazer e pela alegria - moradores da ordem da fruição". Eu optei em buscar os "instrumentos" para a minha fala na minha Caixa de Brinquedos. Foi uma escolha, mas se nós, trabalhadores da educação, não formos capazes de nos emocionar, de perceber, de ser, o que seremos nós?!
Quando terminei minha fala, confesso que fiquei apreensiva. Será que havia sido suficientemente interessante para os professores? Será que teria sido útil para eles? Percebi que estava buscando um sentido utilitário na minha fala e isso estava me incomodando. Foi quando lembrei do Rubem Alves e das suas caixas, a de ferramentas e a de brinquedos. Para Rubem Alves "a vida não se justifica pela utilidade. Ela se justifica pelo prazer e pela alegria - moradores da ordem da fruição". Eu optei em buscar os "instrumentos" para a minha fala na minha Caixa de Brinquedos. Foi uma escolha, mas se nós, trabalhadores da educação, não formos capazes de nos emocionar, de perceber, de ser, o que seremos nós?!
Felicidade é algo que faz
a gente crescer de dentro pra fora,
que permite fazer pulsar a humanidade em nós.
Felicidade rima e combina com amizade,
como a nossa, Helô!!
a gente crescer de dentro pra fora,
que permite fazer pulsar a humanidade em nós.
Felicidade rima e combina com amizade,
como a nossa, Helô!!
Lindo, verdadeiro e emocionante palestra, querida Léla!
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