domingo, 19 de fevereiro de 2017

O RISCO DE UMA EDUCAÇÃO QUE INFORMA MAS NÃO EDUCA

Fazer só o que se gosta, estudar só o que se quer é o sonho de qualquer adolescente. Mas isso lhes ensina o que sobre a vida real?! Na minha percepção, o que está sendo proposto com esta reforma do Ensino Médio é uma educação que não educa para a vida - falo de uma vida plena e não de uma vida feita para obedecer ordens. (In)formação não é educação! Me preocupa pensar que o futuro será de escolas que ocupam-se da transmissão de informações e conteúdos, mas deixam de lado a formação de um sujeito crítico, que seja capaz de resolver-se para além do óbvio que a vida lhe apresenta. Um país “digno, decente e equilibrado socialmente e educacionalmente”, como propôs Mendonça Filho, em 2016, durante uma reportagem do Jornal Nacional, não se faz com sujeitos que não sejam capazes de fazer uma crítica sobre a sociedade onde vivem. Quem sabe ajudasse, nesse contexto, uma oferta de arte e cultura que fosse capaz de provocar a criticidade. Mas a possibilidade do pensamento crítico está sendo guilhotinada da vida do estudante brasileiro em todos os lugares onde este possa buscar guarida.
Com relação ao direito de escolha profissional ainda durante o Ensino Médio, posso dizer que cursei todo o Ensino Médio com a certeza absoluta que iria cursar Publicidade e Propaganda no Ensino Superior. Não havia dúvida disso!! No ano seguinte a minha vida deu um giro e acabei cursando Fisioterapia. Hoje sou Fisioterapeuta, Pedagoga, Narradora Oral e Escritora, plenamente realizada em todos os meus fazeres e nem me imagino publicitária. Falo isso porque somos muitos jovens no Ensino Médio para termos certezas absolutas do que iremos querer para o resto de nossas vidas e nem todos os adolescentes tem ainda maturidade para essa decisão. Alguns já sabem, já sabiam desde pequenos, sonharam com aquela profissão, muitas vezes influenciados por algum familiar ou amigo. Mas não é assim com todos, nem é assim com a maioria.
Uma educação melhor se faz dando melhores condições de trabalho, formação continuada de qualidade, valorização profissional e remuneração justa aos professores. O que se faz hoje é justamente o contrário, os professores têm condições mínimas de trabalho, seus salários são parcelados, seu trabalho é desqualificado pelos gestores públicos e muitas vezes pelas famílias de seus alunos.
Engatamos a marcha ré e colocamos o pé no acelerador com força total!! Vamos rumo à barbárie, aumentando mais e mais os direitos de futuros cidadãos, que vão se tornando cada vez mais falhos com relação aos seus deveres e ao respeito às regras de convívio social. Um mundo só de direitos é um mundo insustentável, é um mundo de bárbaros!!
Essa reforma e as medidas que se vem tomando no campo da Educação apontam um caminho que me assusta. Além do mais, é uma reforma que vai sendo imposta na correria, sem reflexão com a sociedade, sem escuta aos profissionais da educação. Parece haver uma urgência em mudar tudo, não porque se acredite em algo, mas porque se quer arrasar com tudo que foi construído até então, sem deixar vestígios para a história do caminho percorrido até aqui. E ainda citam a Europa como exemplo, sem levar em consideração o tempo histórico e a história de um e de outro continente. Estamos vivendo tempos insanos, tempos de cólera, tempo de barbárie!! Meu medo é que cheguemos à Idade Média, ou quem sabe, voltemos às cavernas!! 

Nenhum comentário:

Postar um comentário