Contam
que na região do Alegrete (Oeste), pras bandas da Serra do Caverá, existe uma lagoa
de água salobra, que guarda em suas profundezas histórias de mistério e
encantamento.
A
Lagoa é mágica mesmo!! - É o que dizem os gaúchos que moram pra aquelas bandas.
Esses gaúchos, moradores e avizinhados do Caverá, dizem que à noite não passam nem
por decreto perto da tal lagoa. Contam que é sabido que aqueles que se
aventuram a passar por lá quando a lua vai no céu, é atingido por bolas de fogo
que pulam de dentro da lagoa para cima do lombo do cavaleiro. Os que não sabem
do encantamento são pegos de surpresa pelas tais bolas de fogo. E poucos são os
que, sabendo do tal encantamento, se atrevem, por coragem ou por necessidade,
passar perto de suas margens no transcorrer da madrugada.
Os
viventes daqueles pagos dizem ainda que em períodos de seca, quando as águas da
lagoa baixam, pode-se ver uma grande corrente, grossa e enferrujada. Vê-se apenas
uma ponta, porque a outra fica lá, mergulhada no fundo da lagoa. A corrente
desafia quem a vê e há quem já tenha se empenhado a tirá-la de lá. Homens e
mulheres, jovens e mais velhos, ajudados por cavalos, burros, juntas de bois,
já tentaram puxar a tal corrente para fora da lagoa e nada!!!
A
Lagoa Encantada segue lá, mansa e linda, inspirando poetas e apaixonados com
suas águas serenas. Dizem que nesta lagoa nasceu também uma linda história de
amor, há muito, muito tempo. Contam que naquela região, nos tempos de
antigamente, vivia uma tribo de índios Charruas. Os índios charruas foram os
primeiros alegretenses. Nessa tribo vivia uma jovem índia chamada Poty-poran.
Muitos guerreiros da tribo Charrua eram apaixonados por Poty-poran e faziam de
tudo para agradá-la. Os mais valentes procuravam fazer os feitos mais
extraordinários para chamar sua atenção e conquistar seu coração arredio.
Contam
que certa vez, Inhancá-Guará, um dos guerreiros apaixonados por Poty-Poran, viu
na beira da Lagoa Encantada um cavalo sem igual, de crinas prateadas e de um pelo
muito negro, brilhante e macio como veludo. Inhancá-Guará pensou em jogar as
boleadeiras no animal para levá-lo de presente à Poty-Poran e finalmente
conquistar seu coração.
O
índio encarou o animal e estranhamente o cavalo não se mexeu. Inhancá-Guará
resolveu então se aproximar. E o cavalo, vendo que o índio se aproximava
continuou lá, sereno, sem se opor à aproximação. Inhancá-Guará resolveu então
guardar as boleadeiras e foi se aproximando suavemente, assobiando e sorrindo
para o animal, que deixou-se ser acarinhado e encilhado pelo índio.
Inhancá-Guará
colocou o bocal, as rédeas e até o couro de jaguaretê que usava para montar,
sobre o lombo do estranho cavalo, que se deixou ser encilhado com
tranquilidade. Depois de devidamente encilhado, Inhancá-Guará alçou a perna e
montou de um salto só sobre o cavalo. O animal, após alguns passos mansos,
disparou enlouquecido para dentro da lagoa escura, com Inhancá-Guará sobre seu
lombo. E assim, desapareceram para sempre, cavalo e cavaleiro.
Poty-poran,
ao saber da tragédia, colocou-se à chorar na beira da lagoa e suas lágrimas
salgadas tornaram a água da lagoa salobre. E assim a lagoa é chamada até hoje:
Lagoa Parobé, lagoa de água salobre, na língua dos índios.
*Reconto do folclore sul riograndense, inspirado na narrativa da Lenda da Lagoa Parobé. A Lenda da Lagoa Parobé é descrita do livro Mitos e Lendas do Rio Grande do Sul, de Antônio Augusto Fagundes, Ed. Martins Livreiro.
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