Estamos
acostumados a buscar soluções simples e rápidas para problemas complexos. Para
resolver a fome, fast food. Para
resolver os quilos a mais causados pelo fast
food, dieta rápida. Para resolver o desequilíbrio metabólico causado pela
dieta rápida, suplementação. Para resolver a sobrecarga metabólica causada pela
suplementação, talvez, quem sabe, alguns comecem a pensar em comer alguns vegetais,
o que é mais ou menos bom, já que agora eles podem receber um tanto a mais de agrotóxicos.
Não há soluções simples para problemas
complexos.
Ouso dizer que o
simples não existe. Essas soluções que encontramos para resolver nossos
problemas, assim como algumas tantas que se apresentam para resolver os
problemas da nação, não são simples, são apenas rasas. O simples, de fato, é
absolutamente complexo. É assim com nossa alimentação, com as contas para pagar
no final do mês, com a segurança, com a saúde e com a educação.
Simples, para
resolver a situação da educação no Brasil, seria se os governantes (em todas as
esferas públicas) olhassem para a educação com o respeito que ela merece.
Investir numa qualificação profissional séria e responsável, feita a partir de
uma reflexão coerente, respeitando as pesquisas desenvolvidas e os pensadores
qualificados que temos, sem deixar-se levar pelo populismo, pelo partidarismo,
pelo binarismo, pelo dogmatismo e todos os outros ismos que dilaceram a
humanidade.
Simples, para
pensar soluções viáveis para a educação no ambiente escolar, seria uma parceria
sincera e amorosa entre famílias e escolas. Valorizar o trabalho docente, tão
desrespeitado e desgastado, já é um começo. Promover reuniões que possam ir
além dos recados. Propor momentos de socialização, oportunizar o diálogo
sincero, pensar possibilidades conjuntas e organizar ações partilhadas.
Simples seria se
olhássemos para as boas experiências das escolas públicas no Brasil, de
professores que com tão pouco fazem muito, e aprendêssemos com nossas próprias
práticas, porque elas existem. Há bons professores e professores que pouco
contribuem, tanto no ensino público quanto no ensino privado. O que faz do
professor um bom profissional, não é o diploma desta ou daquela Universidade,
mas o desejo de partilha, de provocar o pensamento, de instigar, de apontar
caminhos, de valorizar a descoberta. As
Universidades deveriam se ocupar, cada vez mais, em formar profissionais
capazes de entrelaçar (e enlaçar com pontos muito apertados) conhecimento
científico com a ética do viver.
Os governantes
deveriam investir em formações profissionais que realmente qualifiquem e
sensibilizem e não apenas em encontros empolgacionais, que em duas semanas
perdem o efeito anestésico. Não deveriam querer investir em apostilas para
“facilitar” a vida dos professores. Penso, que “facilitaria” muito a vida dos
professores se estes recebessem um salário digno e em dia, se suas práticas
docentes fossem valorizadas, se lhes fosse oportunizado espaço de discussão e
escuta, se tivessem um ambiente de trabalho adequado para ensinar e aprender, se
suas trajetórias profissionais fossem respeitadas.
No entanto, o que
se vê são políticos, especialmente aqueles que nada entendem de educação,
dizendo que os professores não sabem ensinar, que os alunos devem filmar seus
professores e que os professores devem filmar seus alunos, como forma de
policiamento e repressão de ambos. Aprender é permitir que corpo se aproprie de
conceitos a partir de experiências vividas, compartilhadas, narradas, escritas,
desenhadas, dialogadas, subjetivadas. Educação não se faz com cabresto e
cerceamento, se faz com conhecimento, ética, respeito e alteridade.
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