Todo ano é a mesma
coisa, passou setembro e as pessoas já começam a dizer que o final do ano está
aí, que logo logo já é Natal. Setembro é o nono mês do ano, se fizermos o
cálculo direitinho, veremos que temos ainda três meses para viver, trabalhar,
estudar, organizar, desfrutar. Em outubro ainda podemos escolher se passaremos
os próximos 90 dias de mãos estendidas ou de punhos cerrados, se nossas
palavras e nossas ações serão de apoio e acolhida ou de destruição.
Para muitos, 90
dias é uma vida toda, ou o que resta dela, para estes não há tempo a perder,
todo o tempo vivido é precioso. Porque razão tratamos nosso tempo como se ele
fosse infinito? Sabemos que não somos eternos, mas vivemos como se pudéssemos
deixar para viver depois, para sermos gentis depois, para fazermos escolhas
depois. Tocar a vida não é viver.
Quando falo isso
muitos pensam: - mas eu tenho que trabalhar, tenho família para sustentar, não tenho
dinheiro para gastar com futilidades. Não estou falando de futilidades, nem de
gastar dinheiro. Falo de outro investimento, falo do tempo partilhado. Falo das
duas cuias de chimarrão tomadas com a vizinha quando chegamos do trabalho, ou então
no final de semana, falo das palavras partilhadas com a moça do caixa do
mercado – você não vai levar mais tempo no caixa se for gentil. Falo da partida
de futebol, pife, moinho ou jogo da velha, jogada com os filhos, sobrinhos,
afilhados, netos ou amigos. Falo da leitura daquele conto, crônica ou poesia
que nos faz repensar a vida; da caminhada com amigos, ou solitária e
contemplativa. Falo de estarmos juntos no mundo real, porque dessa vida só
levaremos nossas memórias.
Fim do ano é 31 de
dezembro. Ou seja, estamos quase no fim do ano, ainda faltam alguns dias. Mas é
só o fim deste ano, não o apocalipse. Se não conseguirmos finalizar algumas
tarefas, haverá um novo ano todinho pela frente. Se não chegarmos lá, outros
terão que finalizar nossas tarefas, mas ninguém poderá finalizar a nossa
amizade, o nosso estar junto com, o nosso bem querer.
Antes do fim do
ano ainda temos o Natal, momento em que muitos passarão com seus familiares,
outros entre amigos e há também os que escolheram desfrutar da própria
companhia. Penso que o importante é celebrar a vida, com a saúde que se tem - por
vezes potente, outras nem tanto -, no lugar onde se está, cuidando ou sendo
cuidado, acompanhado ou sozinho. Celebrar porque se está vivo, porque nessa
condição ainda podemos fazê-lo.
Se faça presença
neste Natal. Aproveite os últimos dias do ano. Pise no freio, porque por mais
que aceleremos, o ano vai acabar, o mundo não.
Viva o momento presente, seja você o presente!! Valorize as pequenas
coisas, se alegre com o que é capaz de realizar, não dependa dos outros para
ser feliz, mas seja feliz com os outros, pelos outros. Que o Natal seja bom,
para todos e em qualquer lugar, na rua, na chuva, na fazenda ou numa casinha de
sapê!!
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