Lá se vão seis semanas que o
Arthur, meu filho mais novo, entrou no hospital para acalmar o tsunami que
havia se transformado suas ondas cerebrais. Seis semanas de hospitalização,
cinco delas de internação na UTI Pediátrica. Os amigos andam a perguntar como
vai o Arthur. Eu poderia responder: Saturando 97%; FC: 134; PA: 96 x 65; FIO2:
45. Alguns amigos ficariam tranquilos com minhas respostas, outros bem perdidos.
Mas, penso eu, que quase ninguém ficaria verdadeiramente satisfeito com uma
resposta tão numérica. É que temos a felicidade de ter amigos de coração
crianceiro. As pessoas grandes é que gostam de números. Por esta razão é que
nós, que temos coração crianceiro, precisamos ter muita paciência com as
pessoas grandes. A melhor resposta para essa pergunta talvez seja: Tutuks está
ouvindo a mamãe narrar, mais uma vez, O Pequeno Príncipe. Foi o Tuks que pediu
para ouvir novamente a "Um pé de vento" (livro lindo, do queridíssimo
e multitalentoso, André Neves) e "O Pequeno Príncipe". Como eu sabia
que eram essas as histórias necessárias e desejadas? “Quando o mistério é
impressionante demais, a gente não ousa desobedecer", diz Antoine de
Saint-Exupéry. Estamos bem, porque estamos juntos, partilhando histórias.
*Essa
que sou, mãe, professora, fisioterapeuta, contadora de histórias, escritora,
dançante (não exatamente nessa ordem), estou com meu filho mais novo, Arthur, hospitalizado. Esse é o relato desses dias de
tempestade, que escolho fazer da forma mais amorosa e serena que puder.
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