Essa semana recebi por whatsApp
uma mensagem cheia de emoção, chamada: “Sabe onde erramos?”, que traz em seu texto uma reflexão sobre o
valor da família. Confesso que fico um pouco inquieta com mensagens que tratam
qualquer tema de modo dicotômico.
Mensagens como essa apenas me
desacomodam. Creio que quem à escreveu o fez de modo linear, pautado única e
exclusivamente no seu modo de ver e pensar o mundo. A mensagem traz afirmações como: “Erramos
quando valorizamos mais os de fora, do que os que são da nossa própria casa”.
Erramos quando homenageamos os amigos e esquecemos de homenagear todos os dias
nossa família. “Erramos quando a taça
bonita é para as visitas, mas para os de casa é a xícara trincada”. E por aí
segue...
Penso que essas palavras podem
ser desoladoras para uma criança que não recebe a atenção esperada de seus pais,
ou que sofre agressão física ou verbal em casa. Ou para um adolescente, que
procura se afirmar como pessoa buscando um grupo e precisa de um certo
afastamento da família para que possa crescer como um adulto saudável. Ou para
qualquer pessoa, que tem uma história única e pessoal e que não pode ser
julgada por quem não a conhece.
Palavras podem ser lançadas ao
vento de modo genérico, mas são muitas vezes recebidas de modo singular.
Palavras assim podem confortar alguns, mas podem produzir grande angústia para
outros.
Penso que erramos quando não
amamos!! O amor é plural e o modo com que é manifestado também o é. Posso demonstrar
meus afetos de modos muito distintos. Para o neurobiólogo chileno Humberto
Maturana, “a emoção fundamental que torna possível a história da hominização é
o amor”. Não esse amor dos amantes, não esse amor de telenovela. O amor, para Maturana, “é a emoção que
constitui o domínio de ações em que nossas interações recorrentes com o outro
fazem do outro um legítimo outro na convivência”.
Amar o outro assim como ele é,
com todas as suas contradições, imperfeições e manias, não apenas nos almoços
de domingo, mas nas interações recorrentes do nosso dia a dia. Você é capaz?! É
capaz de amar sem julgar? É capaz de amar sem pedir nada em troca? É capaz de
amar sem cobrar? Sem cobrar nada, nem presença, nem afetos, presentes, nada?
Quem o for, que atire a primeira pedra!!
É preciso amar, nem mais nem
menos!! Mas dizer que só amamos quando o modo como manifestamos os nossos
afetos é o esperado por quem os recebe, pode ser cruel e prejudicial a qualquer
relação afetiva.
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