Este é o último
texto de dois mil e dezenove. Em nosso próximo encontro já será dois mil e
vinte. Particularmente, não gosto de retrospectivas, sempre às acho deprimentes.
Frequentemente são retrospectos das piores desgraças do ano. Dois mil e
dezenove foi um ano e tanto de acontecimentos e verborragias, um ano que vai
deixar muitas cicatrizes e inúmeras sequelas. Mas estamos na reta final e pela
frente há o futuro, um futuro que depende de cada um de nós, do modo como vamos
olhar e tocar a vida em frente.
Deixo aqui
registrado, neste texto que não se pretende uma crônica, mas uma caixinha de
desejos, minhas esperanças para dois mil e vinte, pois há que se manter a chama
da esperança sempre acesa.
Desejo que em dois mil e vinte a terra volte a ser esférica, para que ninguém corra o risco de cair da borda e se machucar. Que possamos voltar a ser uma bola molhada e giratória. Que o Sistema Solar possa ser ressuscitado. Que a gravidade seja considerada, para que ninguém se machuque ao descansar à sombra de uma árvore frutífera. Que o aquecimento global seja levado a sério, antes que acabemos com este planeta, seja ele esférico ou plano.
Desejo que em dois mil e vinte a terra volte a ser esférica, para que ninguém corra o risco de cair da borda e se machucar. Que possamos voltar a ser uma bola molhada e giratória. Que o Sistema Solar possa ser ressuscitado. Que a gravidade seja considerada, para que ninguém se machuque ao descansar à sombra de uma árvore frutífera. Que o aquecimento global seja levado a sério, antes que acabemos com este planeta, seja ele esférico ou plano.
Você pode estar
achando que enlouqueci, o que é bem razoável. Mas, eu ainda não enlouqueci,
ainda não. Em dois mil e dezenove muita gente tentou nos fazer acreditar que a
terra é plana, que o sistema solar não existe, que não há aquecimento global, pois
ainda faz frio no inverno; que não existem queimadas na Amazônia porque a
floresta é úmida, que Paulo Freire é um energúmeno, que há plantações
extensivas de maconha nas universidades federais, que Newton e Einstein são
pseudocientistas, que três de cem é igual a trinta por cento, que fumar faz bem
e vacina faz mal à saúde. Vou parar por aqui, porque as afirmações pautadas em
teorias insanas e achismos paranoicos foram tantas que seria necessário um
livro inteiro para registrá-las.
Mas porque algumas
pessoas acreditam em afirmações completamente sem sentido? Possivelmente,
porque quem às afirma não hesita, não questiona, nem abre espaço para o diálogo.
Quem às afirma, cria argumentos tão cheios de detalhes, que às torna críveis. Na
literatura chamamos isso de ficção. A boa ficção é a que faz você entrar dentro
da história, criar simpatia ou antipatia pelos personagens, deixar-se afetar
pela história narrada.
Por isso, coloco
na minha caixinha de desejos para dois mil e vinte muita leitura, para que
sejamos capazes de discernir realidade de ficção, ciência de achismo,
fatos de mentiras. Coloco também muita arte, todas as artes, música, dança, teatro,
literatura, cinema, artes visuais, artes plásticas e artesanato, para que
possamos nos abrir para o sensível, para o humano, para o pensamento crítico.
Coloco todos os livros de literatura e também filosofia, sociologia e
antropologia, para que a ética possa habitar novamente entre nós. Coloco a
empatia, o diálogo, a presença, a não violência, a esperança e a ação. Que 2020
seja potente e repleto de bom senso!!
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