Eu
tinha apenas um ano de idade quando Gaudêncio Sete Luas, majestosa narrativa de
Luiz Coronel e melodia de Marco Aurélio Vasconcelos, foi apresentada na 2ª
Califórnia da Canção Nativa (Uruguaiana, RS), lindamente interpretada pelas
vozes de Leopoldo Rassier e Lucia Helena. Em 1972, pensar que teríamos um
computador portátil nas mãos, que nos conectasse com pessoas do mundo todo em
tempo real, era possível apenas na ficção científica. Menos de 50 anos depois,
podemos nos conectar com gente do mundo inteiro desde nossas casas, da escola,
do trabalho, do supermercado e até de um banco de praça.
Hoje
podemos nos comunicar com muito mais facilidade e, ao que parece, nos
comunicamos muito pior. Porque não é o acesso a uma ampla rede de comunicação
que viabiliza o diálogo, mas sim o desejo de dialogar, de ouvir e também de ser
ouvido, de ser respeitado, e também de respeitar. Quando acesso as redes
sociais, parece que entro num espaço onde a grande maioria das pessoas está a
gritar e não a dialogar. Há mais combate do que diálogo, um desejo manifesto de
aniquilação e não de religação. No entanto, uma ou outra notícia boa pipoca
aqui e ali, notícia de gente que faz a diferença sem gritar, que planta
sementinhas de esperança, de bem querer, de alteridade, de cuidado. Gente que
não faz barulho, que não planta ventania, nem provoca tsunamis, mas que faz a
revolução a partir de ações que unem, que acolhem, que deixam cair na terra
novas sementes para fazer florescer algo bom nesse mundo tão doente. Nos dias
de hoje ou você é semente ou é ventania, porque como escreveu Luiz Coronel
(ainda que em outro contexto) em sua Gaudêncio Sete Luas, “não vai ficar pra
semente quem nasceu pra ventania”.
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