Escrevo
a partir de quem sou, estou representada – algumas vezes mais, outras vezes
menos - em tudo que escrevo. Mas falo pouco em palavras escritas, sobre quem
sou, sobre esta eu que são muitas e que constituem uma Léla que se pretende
lúdica, sempre.
Essa
que me pretendo aprende e se recria todos os dias, a partir de todas
experiências que a vida me oferece e que se tornaram muito mais intensas depois
que tive filhos. O João, hoje com 14 anos, atleta, parceiro de conversas,
cafés, músicas, séries de TV, filminhos no cinema, um filho amigão. O Arthur,
hoje com 8 anos, nasceu pra ressignificar drasticamente o modo como pensávamos
e administrávamos a vida. Tutuks nasceu com uma lesão encefálica extensa e com
três meses começou um quadro convulsivo complexo e de muito difícil controle.
Foram incontáveis internações hospitalares ao longo desses 8 anos, algumas mais
longas, outras menos, muitas delas em UTIs Pediátricas. Aprendemos a administrar
a vida nessas idas e vindas, com o máximo de leveza, apesar do cansaço físico.
Desde
2013, no entanto, não internávamos na UTI, apenas breves visitas à Enfermaria,
para matar saudade das amigas das equipes de enfermagem, copa e higienização.
Hoje, no entanto, nosso vulcãozinho entrou em erupção e não conseguimos conter
as lavas que jorravam em forma de ondas cerebrais absolutamente desorganizadas.
Voltamos para a UTI, com a esperança de que a estadia seja breve, mas com a
consciência de que quando a hospitalização se faz necessária a única coisa
certa é o dia da internação. Que tenhamos serenidade para trazer leveza a esses
dias.
*Essa
que sou, mãe, professora, fisioterapeuta, contadora de histórias, escritora,
dançante (não exatamente nessa ordem), estou com meu filho mais novo, Arthur, hospitalizado. Esse é o relato desses dias de
tempestade, que escolho fazer da forma mais amorosa e serena que puder.
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