Final
de semana passado fui ao cinema sozinha, assistir ao maravilhoso “O filme da
minha vida”. O filme, com brilhante roteiro e direção do Selton Mello, é baseado
na história “Um pai de cinema”, do chileno Antonio Skármeta e foi todo filmado
na serra gaúcha. A história é linda e envolvente, a fotografia é impecável, a
trilha sonora é fantástica e as atuações arrebatadoras. Muitos vivas ao bom
cinema brasileiro!!
Pouco
antes de sair de casa, quando falei ao meu filho mais velho, hoje com 13 anos,
que iria ao cinema, ele me perguntou com quem. Quando disse que iria sozinha
ele ficou um tanto espantado e sem entender como alguém vai ao cinema sozinho.
Adolescente
é uma espécie que, de um modo geral, gosta de andar em grupo e talvez por isso não
veja sentido em fazer um programa sozinho. Acho que quando era adolescente essa
ideia também me era estranha. Mas faz um bom tempo que aprendi a gostar da
minha companhia para sentar numa cafeteria com um bom livro, para visitar uma exposição
de arte sem ninguém para me apressar, para ouvir uma música no carro e poder
cantar livremente.
Faz
uns vinte e poucos anos que ouvi pela primeira vez a palavra “sozinhez”. Essa
palavra, que ainda não está no dicionário, é - segundo a psicóloga Inajara
Paiva - “uma palavra criada para definir [aquela] solidão do bem”. Essa
expressão “foi utilizada para descrever o estado de estar profundamente a sós
consigo, revendo conceitos, crescendo, questionando e aprimorando a essência do
caráter e do temperamento, consequentemente, fortalecendo [nossa]
personalidade, que carece de melhorias a todo instante”.
Buscando
no dicionário encontramos significados para termos como sozinho e solidão, que
remetem, em alguns casos, a abandono e desamparo. Sozinhez, ao contrário, tem
muito mais a ver com solidez (algo que não é vazio, nem oco) do que com
solidão.
O
estado de sozinhez, de acordo com Inajara Paiva, é “aquele período em que se
cria, se avalia com o cérebro, coração e estômago, se relaxa, se escuta a
própria voz, se reconhece ou se estranha, se distingue o que é necessário do
que é supérfluo, se constata o que é problema de fato, o que é solucionável ou
irremediável, o que pede imediatismo e o que dá para esperar. É quando se
mergulha sem interrupções numa leitura apaixonante, se ouve uma música
embriagante, muitas vezes revendo coisas e emoções que andavam até esquecidas e
que acalmam e em que se busca, sobretudo, o silêncio das palavras”.
O
que os anos vão aos poucos nos ensinando, quando nos permitimos aprender, é que
é muito bom estar entre amigos, mas saber estar em nossa própria companhia é
fundamental!!
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