Em 1999 um grupo de axé music lançava um
sucesso nacional. Se você tinha ao menos três anos de idade naquela época deve
lembrar do refrão que dizia: “bom xibom, xibom, bombom”. Porque razão estou
falando de uma banda de axé dos anos 90?! Porque a letra da música tem tudo a
ver com esses últimos meses de Brasil. Ou melhor, tem tudo a ver com a história
do Brasil desde que os portugueses chegaram aqui, mas que se torna mais clara
quanto mais acesso às informações e vontade (ou possibilidade) de entendê-las
temos.
A letra, que era interessante – para além da
performance sensual d’As Meninas –, dizia assim: “analisando essa cadeia
hereditária, quero me livrar dessa situação precária. Onde o rico cada vez fica
mais rico e o pobre cada vez fica mais pobre. E o motivo todo mundo já conhece,
é que o de cima sobe e o de baixo desce. [...] Mas eu só quero educar meus
filhos, tornar um cidadão com muita dignidade. Eu quero viver bem, quero me
alimentar. Com a grana que eu ganho, não dá nem pra melar. E o motivo todo
mundo já conhece, é que o de cima sobe e o de baixo desce”.
Após essa lembrança nostálgica podemos concluir
que os motivos pelos quais o Brasil está como está, “todo mundo já conhece”. E que
os de cima continuam a subir às custas dos que formam a base dessa cadeia
hereditária. A diferença é que nos anos 90 as informações sobre as falcatruas
desses senhores do poder não chegavam de maneira clara à maioria da população.
Hoje a informação chega. Hoje todos sabem
quando um presidente da república banca jantares milionários para comprar votos
que lhe salvariam a pele. Todos sabem quando, onde e quanto. Sabem também dos
inúmeros benefícios concedidos às vésperas da votação de qualquer proposta na
Câmara ou no Senado. Mas se você pensa que o seu corrupto é melhor que o do seu
vizinho, você está tão errado quanto o seu vizinho, pois ambos apoiam a
corrupção.
Quando se defende a justiça para todos, não é
possível concordar que um só político seja liberado de qualquer tipo de
investigação ou punição por fraude, corrupção, concessão ou ganho de benefícios,
enquanto outro seja perseguido em decorrência de delação premiada. Isso não é
senso de justiça, isso é pensar-se dono da razão. Mas vivemos uma época que fica difícil saber
quem está certo e quem está errado, já que cada um sabe-se dono da sua própria
razão!!
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