sábado, 5 de agosto de 2017

POLÍTICA E AXÉ


Em 1999 um grupo de axé music lançava um sucesso nacional. Se você tinha ao menos três anos de idade naquela época deve lembrar do refrão que dizia: “bom xibom, xibom, bombom”. Porque razão estou falando de uma banda de axé dos anos 90?! Porque a letra da música tem tudo a ver com esses últimos meses de Brasil. Ou melhor, tem tudo a ver com a história do Brasil desde que os portugueses chegaram aqui, mas que se torna mais clara quanto mais acesso às informações e vontade (ou possibilidade) de entendê-las temos. 
A letra, que era interessante – para além da performance sensual d’As Meninas –, dizia assim: “analisando essa cadeia hereditária, quero me livrar dessa situação precária. Onde o rico cada vez fica mais rico e o pobre cada vez fica mais pobre. E o motivo todo mundo já conhece, é que o de cima sobe e o de baixo desce. [...] Mas eu só quero educar meus filhos, tornar um cidadão com muita dignidade. Eu quero viver bem, quero me alimentar. Com a grana que eu ganho, não dá nem pra melar. E o motivo todo mundo já conhece, é que o de cima sobe e o de baixo desce”.
Após essa lembrança nostálgica podemos concluir que os motivos pelos quais o Brasil está como está, “todo mundo já conhece”. E que os de cima continuam a subir às custas dos que formam a base dessa cadeia hereditária. A diferença é que nos anos 90 as informações sobre as falcatruas desses senhores do poder não chegavam de maneira clara à maioria da população.
Hoje a informação chega. Hoje todos sabem quando um presidente da república banca jantares milionários para comprar votos que lhe salvariam a pele. Todos sabem quando, onde e quanto. Sabem também dos inúmeros benefícios concedidos às vésperas da votação de qualquer proposta na Câmara ou no Senado. Mas se você pensa que o seu corrupto é melhor que o do seu vizinho, você está tão errado quanto o seu vizinho, pois ambos apoiam a corrupção. 
Quando se defende a justiça para todos, não é possível concordar que um só político seja liberado de qualquer tipo de investigação ou punição por fraude, corrupção, concessão ou ganho de benefícios, enquanto outro seja perseguido em decorrência de delação premiada. Isso não é senso de justiça, isso é pensar-se dono da razão.  Mas vivemos uma época que fica difícil saber quem está certo e quem está errado, já que cada um sabe-se dono da sua própria razão!!

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