Hoje celebramos o Dia Internacional da Mulher.
Celebramos conquistas, mas sobretudo refletimos sobre as muitas lutas a serem
ainda travadas. Logo pela manhã postei a seguinte mensagem na minha linha do
tempo no Facebook: “Para nós, que abrimos mão de príncipes encantados, mas não abrimos mão de
quem nos encante, respeite e queira bem, um feliz dia!!”. Mais tarde, a linda María Vázquez postou um texto
maravilhoso, chamado “Livre para ser princesa”, de autoria da lúcida e
iluminada Jéssica Gómez Álvarez. Imediatamente repensei o que havia escrito bob
um outro olhar, que me possibilitou uma perspectiva mais inclusiva. Não
precisamos ter modelos do feminino, pois todos são estereótipos. A guerreira, a
princesa, a mis, a perua, a trabalhadora, a recatada, a selvagem. Porque nos
esforçamos tanto em nos enquadrar e enquadrar outras mulheres em estereótipos
prontos. Toda vez que classificamos, dividimos. Toda vez que dividimos, desagregamos.
Toda vez que desagregamos, perdemos força. Toda vez que mostramos nossa
capacidade de desagregar, negamos a essência do feminino. Depois de ler o texto
da Jéssica Gómez, reeditei o que havia escrito na minha linha do tempo: “Para nós, que até podemos abrir mão de príncipes encantados, mas não
abrimos mão de quem nos encante, respeite e queira bem, um feliz dia!!”. Como é
bom quando um texto nos faz refletir de tal forma que somos capazes de dar um
passo atrás e reconstruir o caminho, com olhar mais ampliado e ainda mais
amoroso!!
Segue uma tradução aproximada do texto original:
LIVRE
PARA SER PRINCESA
(Texto original de Jéssica Gómez Álvarez)
Somos as feministas que eles queriam ter.
Somos as
feministas que cresceram querendo jogar futebol, não porque gostássemos de jogar futebol (embora algumas
gostassem), mas porque era esporte de meninos. Que queriam colecionar cartões,
jogar futebol de tampinhas (ou futebol de botão) ou pegar-se de socos, porque
eram coisas de meninos. E era bom ser um menino. Era melhor ser um menino que
segurar as coisas como uma menina, correr como uma menina ou chorar como uma
menina.
Ser
mulher não era bastante para nós, espíritos lutadores e inconformados. E não
queríamos nos conformar em sermos mulheres, porque não era suficiente. Ser
mulher era ser frágil. E nós, feministas, éramos fortes como eles.
Somos as
feministas que quiseram ser iguais a eles. Que quiseram ser igualmente grandes,
fortes, influentes, poderosas e respeitadas como eles. Que quiseram ser como
eles. As que, para ser iguais a eles, se converteram neles.
Tão
iguais quisemos ser que esquecemos de ser nós mesmas.
As feministas que renegaram o rosa, a maquiagem e o
salto alto. Que odiaram a purpurina e o
brilho labial. Que amaldiçoaram suas regras. Que deixaram adormecer seus
ciclos.
Feministas que viram na mãe amorosa a esposa
submissa e acreditaram que o caminho correto era ignorar sua maternidade e
tornarem-se pais.
As que nunca criaram princesas, apenas fortes
guerreiras, como nós.
Somos as feministas, as que decepcionaram.
As feministas que, na peleia por conseguir o mesmo.
Perderam o que já tinham. As que, para demonstrar que podiam ser tão boas como
os homens, renunciaram a ser mulheres.
Esta é uma mensagem para minha filha:
És livre.
Maravilhosa e perfeita. És livre para ser a pessoa
que és: não tens que te esforçar para ser nada mais. Nem homem, nem mulher.
És livre para jogar futebol, brincar de carrinho e
vestir azul. Mas também para viver a vida em rosa, para enchê-la de purpurina e
de unicórnios coloridos. Para pintar as unhas e olhar-se no espelho mil vezes,
se é o que queres fazer.
És livre para ser forte, para ser grande, para
caminhar. E es livre para ser frágil, para sentir-se pequena e para parar.
És livre – que não te esqueças nunca – para ser
feliz. E és livre para sentir-se triste. E para chorar. Como uma mulher. Como
um homem. Como uma pessoa. Para chorar forte, como tu choras. E para gritar tão
alto quanto queiras a quem tentar negar-te esse direito. E para calar, se não
tiveres força para gritar, para isso também és livre.
És livre para ser a mulher que TU queiras ser, e
não a esperam que sejas. E saiba que, sendo a mulher fores, não poderias ser
ninguém melhor.
És livre para ser guerreira. És livre para ser princesa.
És livre para ser todas as mulheres que habitam em ti. Porque o que importa,
minha querida, não é se usas botas de montanha ou sapatos de salto alto: o
importante é o quão forte és capaz de pisar.
Você pode ler o texto original no blog da autora:
http://jessicagomezautora.com/libre-para-ser-princesa/
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