Foram tantas as postagens nas redes sociais sobre a tragédia avassaladora que foi a queda do avião que levava a delegação da Chapecoense para disputar as finais da Copa Sul Americana, na Colômbia. Um acidente terrível que ocasionou a morte de mais de setenta pessoas. Neste momento todo mundo pensa ter algo a dizer nas redes sociais. Minha escolha foi ficar quietinha, com receio de ser mais uma a se confundir e perder-se entre a solidariedade real e o momento #somostodos. Mas essa reflexão tão verdadeira do amigo Sérgio Rosa me tocou, merece ser lida e relida, por isso escolhi registrá-la no blog, para que não se perca no tempo. Salve, salve, Sérgio Rosa, pelas lucidas palavras!!
"Nos comovemos. Choramos. Sentimos dor. Parecíamos humanizados. Mas não! Foi assim com o avião da TAM. Com a boate Kiss. Com os assassinatos na França. #somostodos. Todos o quê? A ganancia que saqueou a vida dos passageiros do voo da Lamia é a mesma que nos move. Amanhã ou depois a dor da perda seguirá sendo somente dos familiares, que tiveram ceifada a vida de seus entes queridos. Eles sim seguirão carregando em seus corações a dor da saudade. Já nós, jogaremos por terra essa humanização fruto da comoção generalizada e momentânea do hoje. Retornaremos ao nosso cotidiano como se nada houvesse ocorrido. Claro a não ser que o jornalismo nos relembre! Carregamos as redes sociais de frases de efeito, mas blindamos nosso coração com uma tal hipocrisia. Nossa ganancia seguirá pairando como uma cortina de fumaça que não dissipa. São tantas tragédias diárias umas fatais outras morais provocadas por nós. Seguiremos esquecendo do calor humano de um abraço. ‘Eu te amo!’ Não há por quê dizer! O afeto que foi tirado do baú em função de mais uma tragédia, voltará ao esquecimento amanhã. E seguirá sendo motivo de piada. É uma pena! Mas é essa nossa cruel realidade! As tragédias são como um terremoto de pequena escala, que nos sacode, mas os estragos não nos atinge. Levamos um susto, mas seguimos na mesma. Sem sermos de fato atingidos. Quem é de esquerda é petralha. Quem for de direita é coxinha. Quem for diferente de mim, não merece meu respeito. Se for de matriz africana não tolero. E seguimos no lero lero, dos ismos, pondo em pratica todos os dias o nosso machismo escroto. Esse homofobismo dilacerante. Nosso racismo cruel, segregador. O nosso fascismo que mata. Seguiremos excluindo todos e todas que não se adequarem ao meu grupo. Somos assim! Seguiremos sendo assim. Indiferentemente de quantas tragédias surjam. Muitas Kiss, muitos assassinatos em massa, muitas outras TAM e Lamia surgirão e nós seguiremos nos comovendo apenas momentaneamente, sem que de fato possamos aprender e nos transformar em um ser humano. De nada adianta rezar, orar, se ajoelhar, acender velas, se nos pequenos detalhes seguiremos em pecado" (Sérgio Rosa).
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