Numa sociedade onde os valores entortaram-se de tal modo que a futilidade parece ter-se tornado um valor a ser exaltado, esse é um tipo de manchete jornalística que não causa estranhamento. Na seção “Folha Corrida - seu dia em 5 minutos”, do dia 1º de junho de 2016, o comentário sobre a tenista Maria Sharapova foi tão fútil quanto desnecessário e preconceituoso. O texto mínimo diz que a tenista foi “Quase Perfeita”, porque embora tenha superado sua rival em Roland Garros, na chuva, Maria não superou a celulite. Ou seja, vencer em Roland Garros na chuva não é o bastante para uma mulher, pois uma atleta de ponta precisa mesmo é se ocupar de sua estética. Não basta ser uma atleta de ponta, tem que ser bela, recatada e do lar, porque segundo a Folha de São Paulo, vencer a celulite é igualmente importante a vencer em Roland Garros!
Meu querido amigo e psicólogo Matheus Fochi fez um comentário muito lúcido sobre esse episódio. Disse ele: "Em tempos em que as pessoas fazem campanha contra a "ideologia de gênero", fico pensando no quanto elas não prestam atenção no que dizem ou pregam. Essa reportagem escancara a ideologia do gênero feminino que é imposto, como se fosse um papel a ser interpretado. A mulher na sociedade deve ser mãe, esposa, estudar, trabalhar, ter um corpo perfeito, não pode usar roupas curtas ou se relacionar com muitos homens, etc ... Essa mulher ideal está definida, pronta, não há tolerância para coisas diferentes. A questão é que o ideal não existe, está no mundo das ideias de Platão, e assim não existirá alguém que cumpra todas as regras, não existe uma plena felicidade sem o apontamento de todas as falhas. Acho cruel reportagens assim, não importa se você é campeã de um campeonato internacional se suas pernas não estão [suficientemente] bonitas, que pena".
Pelos comentários que andei lendo nas redes e na internet, percebi que nem todo mundo é lúcido como o Matheus, tem muita gente que prefere a Bárbie. Só pra avisar, a Bárbie é bem incompetente em quadra e também na cozinha, na sala de aula, cobrando passagem de ônibus, fazendo faxina...
Mulher perfeita não existe, porque antes de sermos mulheres somos humanas, cheias de falhas e incompletudes. Que bom!! Caso contrário, ficaria na dúvida se somos mulheres de verdade ou robôs. Sou mais Maria Sharapova do que as robóticas esposas do filme "Mulheres perfeitas".
Mulher perfeita não existe, porque antes de sermos mulheres somos humanas, cheias de falhas e incompletudes. Que bom!! Caso contrário, ficaria na dúvida se somos mulheres de verdade ou robôs. Sou mais Maria Sharapova do que as robóticas esposas do filme "Mulheres perfeitas".
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