O ano vai chegando ao fim. 2020 foi um ano atípico.
Ouço pessoas dizendo que querem pular 2020, passar uma borracha nele, não
contá-lo como ano vivido. Eu, no entanto, quero manter bem vivas todas as lembranças
desse tempo. Só aprendemos, de fato, com as experiências vividas. Por isso,
quero deixar tudo bem guardadinho na memória. Passar uma borracha é não
aprender nada com o que vivemos.
Estamos no meio de uma pandemia que abalou o mundo
e já matou quase dois milhões de pessoas em todo o planeta. De uma hora para
outra, tivemos que aprender a viver afastados de quem amamos e, por um tempo
maior para uns e menor para outros, inteiramente distantes dos colegas de
trabalho ou de escola. Fomos impedidos de compartilhar nosso chimarrão, de sair
com os amigos, de mostrar o sorriso e partilhar o abraço.
Em 2020, também vimos crescer a intolerância, os
discursos de ódio, os movimentos chamados de negacionistas, que negam a
existência da pandemia, negligenciam a dor de quem perdeu alguém querido, ignoram
os avanços da ciência, para dar vez e voz a discursos alarmistas e notícias
falsas. Para aprender qualquer coisa, é preciso desejo e esforço. Quem insiste
em usar antolhos não tem desejo de aprender, por isso, não se esforça para
tirá-los.
Mas, nem tudo foi difícil ou triste em 2020. Ao
longo deste tempo de distanciamento social, descobrimos novas formas de nos
encontrar, de celebrar a vida, de aprender, de cooperar, de andarmos juntos. Vi
redes de solidariedade se formar e se fortalecer. Vi, muita gente se esforçando
para ajudar a cuidar da saúde das outras pessoas. Esse cuidado se fazia
presente em atitudes simples, como fazer uso correto da máscara, e também em
ações maiores, doando e preparando alimentos para pessoas que precisavam, oportunizando
algum conforto para quem tinha mais necessidade, promovendo momentos de leveza
e saúde mental, através de lives e vídeos, compartilhando leituras e
poesia, divulgando informações relevantes, apoiando quem precisava, se fazendo
presente na vida das pessoas.
Se passarmos uma borracha em 2020, repetiremos os
mesmos erros nos anos seguintes. Eu quero mesmo é lembrar de tudo que foi bom e
também do que não foi. Quero que 2020 fique muito bem guardadinho na memória e
que o vivido até aqui, inspire o vem pela frente. Que 2021 chegue trazendo a
vacina e também bom senso e lucidez. Que à meia noite todos os antolhos
desapareçam, que a vida siga seu curso e cada pessoa compreenda que é
responsável por ela. Feliz 2021!!
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