Foram apenas dez dias que, segundo alguns, o pais parou. Na verdade não parou, apenas desacelerou. O que aprendemos nesses dez dias de paralisação dos caminhoneiros? Enquanto nação, penso, apenas reafirmamos o que já
sabíamos, que sabemos competir melhor do que cooperar. Mas quando um povo
compete contra seu próprio povo, o sentido de nação se perde. Portanto,
aprendemos que não somos uma nação.
A greve iniciou como um movimento legítimo
dos caminhoneiros, mas muitos segmentos viram neste movimento uma chance de colar
nele suas bandeiras. Neste momento a greve virou paralisação, afinal, greve é
coisa de baderneiro, vagabundo, como tantos brasileiros gostam de dizer.
A paralisação dos caminhoneiros fez com que o
Brasil virasse um cenário pré apocalíptico, gente correndo para assegurar o
abastecimento de gasolina, de gás, de comida. Mostramos para nossos governantes
que eles conseguem nos desestabilizar mais do que eles mesmos pensavam.
Mostramos nossa fragilidade, nossa incapacidade de nos unir para um bem comum.
Tão incapazes de resolver, em alguma medida, nossos
próprios problemas de um modo mais solidário, que muitos foram aos quartéis
pedir intervenção militar, como se os militares tivessem o poder de resolver
essa situação em um curto espaço de tempo e operar milagres. E pior, colocaram
essa como uma pauta dos caminhoneiros, quando sabemos que não era.
A mídia fez todos os jogos que quis, aproveitou
para ‘resolver’ todos os problemas do país, afinal, agora tudo que não andar
será culpa dos caminhoneiros. Ajudou a desmobilizar, incentivou a violência, desinformou.
O governo anunciou o que já sabíamos, que
iremos nós pagar a conta desses dias de paralisação. Tirou dinheiro de áreas
fundamentais as quais já recebem pouco investimento, aumentou o preço da
gasolina, baixou o do óleo diesel - mas com certeza não veremos isso repercutir
no preço das passagens, do gás, ou dos alimentos. Enquanto isso, a corte não perde
uma das suas regalias.
Não aprendemos nada. Não aprendemos a
cooperar, não aprendemos sobre a força que teríamos se nos uníssemos em favor
de um bem comum, muitos não aprenderam nem mesmo que paralisação se escreve com
‘s’.
Não sei por onde vamos, mas com certeza tão
cedo não encontraremos um rumo razoável para resolver problemas tão gigantescos,
por absoluta incapacidade de olharmos para além do nosso próprio umbigo.
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