Sou uma pessoa que
adora música. Durante a infância vivi cercada por LPs. Não herdei do meu pai seu
ouvido musical, mas ele insistia em me mostrar os pequenos detalhes que
percebia nas músicas que ouvia. O que para mim era quase imperceptível, aos seus
ouvidos eram detalhes importantes. Talvez ali tenha começado a dar valor a essas sutilezas.
Na adolescência foram muitos conflitos geracionais (que bom, isso é necessário para os adolescentes que são seres em construção), eu criando a minha identidade musical cercada pelas identidades do meu pai, do meu tio, das amigas da mesma idade e dos amigos mais velhos. Nessa miscelânea, aprendi a gostar de tudo um pouco. O que decidi lá pelas tantas, já mais perto do final da adolescência, é que não queria ficar parada no tempo. A internet facilitou muito isso.
Na adolescência foram muitos conflitos geracionais (que bom, isso é necessário para os adolescentes que são seres em construção), eu criando a minha identidade musical cercada pelas identidades do meu pai, do meu tio, das amigas da mesma idade e dos amigos mais velhos. Nessa miscelânea, aprendi a gostar de tudo um pouco. O que decidi lá pelas tantas, já mais perto do final da adolescência, é que não queria ficar parada no tempo. A internet facilitou muito isso.
Adoro descobrir
novas sonoridades, poucas coisas eu não aprecio, mas tem tanta coisa boa por aí
que não preciso gostar de tudo. Não gosto de funk, não gosto de sertanejo
universitário (que virou uma mistura de sertanejo + funk + música romântica),
não gosto de música Gospel e também não morro de amores pela Bossa Nova, embora
goste muito mais da música brasileira do que da estrangeira. Pronto falei!!
Para quem, como
eu, passa muito tempo com o youtube aberto sabe que uma música puxa outra e
assim eu vou descobrindo preciosidades, sem fazer grande esforço. Por sorte o youtube faz conexões por afinidade e assim, aqueles estilos
musicais a que não me conecto, também não me aparecem. Por conta disso e por não
assistir programas de auditório, corro o risco de ficar por fora de alguns
modismos. Pra mim isso não era um problema até essa semana (continuará não sendo).
Na segunda-feira
descobri, através das redes sociais, que a música K.O, de Pabllo Vittar, havia
ganhado troféu de melhor música do ano no Programa do Faustão. Ingenuamente escrevi
no Facebook que não conhecia Pabllo Vittar. Pronto, imediatamente começou uma
enxurrada de comentários de todos os tipos. Alguns solidários, que como eu
também não a conheciam. Outros que criticavam a vitória da Vittar pelas mais
variadas razões. – Só para resgatar, eu não havia postado minha percepção sobre
a arte ou a artista, apenas o fato de não conhecê-la –. Mas o que me pegou de
surpresa foram comentários do tipo: ‘a gente tem que ficar ligado para evitar preconceitos
geracionais e entraves da nostalgia', ou então que manifestavam a vitória da Pabllo como uma conquista para a comunidade
LGBT.
Fico muito
assustada quando as estações se misturam dessa forma. O troféu era para a
música, para a performance, para a artista ou para a causa que ela defende? Se
a premiação era para a melhor música do ano, esse deveria ser o único critério
a ser avaliado. Talvez fosse mais adequado se o troféu fosse para o artista
mais popular do ano, ou artista revelação.
Sou responsável pelo que escrevo e não pelo que os outros entendem do que escrevi, porque não tenho a menor ideia do que circula na cabeça de cada pessoa que lê uma opinião minha, não tenho como imaginar os conceitos e preconceitos de cada um e a partir de que conexões farão a leitura.
Sou responsável pelo que escrevo e não pelo que os outros entendem do que escrevi, porque não tenho a menor ideia do que circula na cabeça de cada pessoa que lê uma opinião minha, não tenho como imaginar os conceitos e preconceitos de cada um e a partir de que conexões farão a leitura.
A experiência
dessa semana foi um aprendizado incrível para saber que a imparcialidade é não apenas
uma utopia, mas que o exercício para aproximar-se dela fica cada vez mais
difícil quando as pessoas se abastecem de seus princípios como se fossem munição para ir à guerra. O diálogo é impossível quando não há escuta generosa. Descobri
essa semana que não basta estar atualizada, é preciso estar atualizada com o
que a grande massa deseja, caso contrário você se torna um dinossauro.
Aprendi nessa
semana também (isso eu já sabia) que prêmios podem dar visibilidade, mas não
são atestado de competência. E que competência nem sempre tem relação com o sucesso.
Mas aprendi, sobretudo, que ainda estamos muito despreparados para separar os
discursos, seja para fazer uma crítica ou uma avaliação. Não sei o que foi
julgado, mas tenho certeza – agora que já sei quem é a
Pabllo Vittar, K.O. não é a melhor música do ano. Agora sim eu dei a minha
opinião. Simples assim!!
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