Pedro
Altério é um talentoso músico paulista e um homem sábio, apesar de ainda jovem.
Na semana passada, em meio aquele caos de opiniões cheias de razão, que invadiram as redes sociais, sobre o
depoimento do ex presidente Lula ao juiz Sergio Moro, Pedro Altério ponderou: “As distorções estão tão evidentes que, um
lado comemorou a atuação de Lula durante o depoimento, o outro lado comemorou
dizendo que Moro colocou Lula em "seu lugar". Resumindo,
"esquerda" e "direita" ficaram felizes com o depoimento,
por razões opostas. Não é possível ambos os lados estarem certos. Como pode o
depoimento causar reações tão contrárias e adversas? As pessoas acreditam
apenas no que querem acreditar! No fim, a verdade não passa de uma escolha”.
Concordo
plenamente com Pedro Altério, pois é mesmo impossível que todos tenham razão. Aquelas
pessoas nas redes sociais, porém, tão cheias de suas razões, tinham certeza
absoluta das suas verdades, das verdades que escolheram para si, independente
dos motivos.
O
fato é que nas redes sociais todos assumem papel de juízes do mundo, todos tem
opinião sobre tudo. Vejo que quando compartilho algum conteúdo com mais de um
ou dois parágrafos, muitas pessoas não leem, mas se acham no direito de opinar,
a partir das suas verdades. E se o título sugerir algo diferente do seu modo de
pensar, muitas já aproveitam para opinar, ou destilar seu veneno, no comentário
abaixo da postagem.
Se
continuarmos por este caminho nossas relações sociais vão desaparecer. Segundo
o neurobiólogo chileno Humberto Maturana, “só são sociais as relações
que se fundam na aceitação do outro [...] e que tal aceitação é o que constitui
uma conduta de respeito”. Para este estudioso, nem todas as relações humanas
são sociais, pois para ele só são sociais as relações humanas que se fundam no
amor.
O amor de que fala Maturana,
no entanto, não é aquele dos filmes e novelas, ou aquele cantado nas canções
românticas, o amor é sim a emoção que se constitui nas nossas condutas
cotidianas, quando somos capazes de aceitar o outro e nos relacionar com ele
assim como ele é, diferente de mim e cheio de possibilidades.
Talvez tenhamos que (re)aprender
a olhar, escutar e perceber o outro, sem julgamentos e com “freio de mão
puxado”, para que não atropelemos ninguém. Como seria bom se fôssemos capazes de ter,
dia a dia, um pouco mais de paciência e que cantássemos, como um mantra, a linda
canção de Lenine, que diz: “enquanto o tempo acelera e pede pressa/ eu me
recuso, faço hora, vou na valsa/ a vida é tão rara”. E que no embalo da canção
fôssemos capazes de celebrar a vida, a minha, a sua, a de todos nós, porque
“mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma/ até quando o corpo pede um
pouco mais de alma/ a vida não para”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário